Carlos Bolsonaro, filho do presidente do Brasil, afirmou que as mudanças necessárias ao país não podem ser obtidas "por meios democráticos". Um coro de protestos levantou-se contra o rebento da dinastia Bolsonaro, que depois veio a terreiro alegar que fora mal interpretado.
Um tweet de apenas 43 palavras incendiou os ânimos, principalmente por parecer confirmar pensamentos que o próprio presidente em tempos já manifestou e que, acredita-se, continua a ruminar no seu foro íntimo, agora inibido de proclamá-los na praça pública em obediência às aparências que lhe exige a suprema magistratura do país.
Segundo Carlos Bolsonaro, as transformações desejáveis para o Brasil não podem acontecer com a rapidez desejável se se mantiver o regime democrático.
O diário conservador "Estado de São Paulo" insurgiu-se contra o tweet, considerando-o infame e exigiu uma imediata declaração do presidente Jair Bolsonaro desautorizando o filho. O editorial daquele diário acusava mesmo Carlos Bolsonaro de flirtear com a ideia de um golpe de Estado.
Para já, a desautorização de mais peso que surgiu em letra de forma foi a do vice-presidente de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, que pretendeu dissipar a suspeita de que os militares pudessem sentir-se confortados com um discurso favorável à ditadura que eles próprios exercerram durante duas décadas.
Carlos Bolsonaro reagiu acusando os jornalistas de terem semeado o equívoco sobre o sentido verdadeiro das suas palavras e insultando os mesmos jornalistas como "lixo" e "canalhas". O filho de presidente alegou que não quisera preconizar a abolição da democracia, e sim justificar a lentidão de transformações pretendidas pelo Governo.
Tal como na opinião pública, nos órgãos da democracia brasileira registou-se também um sobressalto. O senador Randolfe Rodrigues anunciou que o seu partido (Rede-Sustentabilidade) irá chamar Carlos Bolsonaro a responder em tribunal por incitação contra a democracia que ele, como parlamentar, tem o dever de defender.