O Partido Comunista Cubano anunciou esta segunda-feira que o Presidente Miguel Díaz-Canel irá substituir Raúl Castro enquanto primeiro secretário do partido. Esta é a primeira vez em mais de seis décadas que o apelido Castro deixa de estar associado à liderança do país.
Raúl Castro, irmão de Fidel Castro, anunciou na sexta-feira, no primeiro dia do oitavo congresso do partido, que iria renunciar ao cargo de dirigente do Partido Comunista Cubano, o único autorizado na ilha.
Castro, de 89 anos, disse durante o seu discurso que entregaria a liderança do partido a uma geração mais jovem, "cheia de paixão e espírito anti-imperialista". A transição para Díaz-Canel significa que a ilha será governada por alguém que não apresenta o apelido Castro pela primeira vez desde a revolução cubana de 1959, que derrubou a ditadura de Fulgencio Batista.
Fidel Castro, que se apresentou como primeiro-ministro de Cuba entre 1959 e 1976 e depois como Presidente até 2008, foi o primeiro secretário do Partido Comunista Cubano, de 1961 até 2011. Raúl Castro assumiu depois o cargo até agora, substituindo o seu irmão mais velho.
O que esperar de Díaz-Canel?
Apesar da passagem de testemunho, não são esperadas grandes alterações políticas ou económicas em Cuba. Díaz-Canel nasceu após a revolução cubana, mas é visto como um dos seus maiores defensores e um grande aliado dos irmãos Castro e fiel ao seu modelo económico. Para além disso, Castro irá continuar a ter um poder de influência no destino de Cuba. O Presidente cubano já anunciou que Raúl Castro será consultado para “as decisões estratégicas do futuro da nação”.
Con el General de Ejercito Raul Castro Ruz seran consultadas las decisiones estrategicas del futuro de la nacion, reafirma el Primer Secretario del CCPCC y presidente de la Republica de #Cuba, Miguel Diaz Canel Bermudez en la clausura del #8voCongresoPCC #CongresodelaContinuidad pic.twitter.com/XXcOef5BKZ
— Partido Com. de Cuba (@PartidoPCC) April 19, 2021
Díaz-Canel, de 60 anos, foi eleito Presidente de Cuba em 2018 e desde então só permitiu uma expansão muito limitada do setor privado, de acordo com os desejos de seu antecessor. Sob a sua liderança, Cuba também manteve relações próximas com a Coreia do Norte, China, Rússia, Bolívia e Venezuela.
Sobre a relação com os EUA, Cuba espera com a Administração de Joe Biden poder regressar à era Obama, depois de ter sido isolada pela presidência de Donald Trump. Apesar de Biden ainda não se ter pronunciado sobre a relação com a ilha das Caraíbas, no seu último discurso enquanto dirigente do Partido Comunista Cubano, Raúl Castro apelou ao diálogo entre os dois países.
“Ratifico, a partir deste congresso do partido, a vontade de desenvolver um diálogo respeitoso e edificar um novo tipo de relacionamento com os Estados Unidos, sem que para isso, Cuba tenha de renunciar aos princípios da revolução e do socialismo”, disse o ex-Presidente cubano.
Díaz-Canel enfrenta, no entanto, um país mergulhado naquela que é considerada a pior crise económica dos últimos 30 anos. A pandemia da Covid-19 impôs um forte travão no turismo, a principal fonte de rendimento da ilha.