FMI debate programa de assistência financeira a São Tomé e Príncipe em junho

por Lusa

O economista do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI) Thibault Lemaire disse hoje à Lusa que o programa de assistência financeira a São Tomé e Príncipe será discutido pelo conselho de administração em junho.

"A nova facilidade de crédito alargado deverá ser apresentada ao conselho de administração do Fundo em junho", disse o economista, reconhecendo que apesar das "condições macroeconómicas difíceis", há "boas perspetivas" de crescimento a médio prazo para o arquipélago

"O novo programa apoiado pelo FMI, previsto para junho de 2023, deverá servir de base a uma recuperação económica gradual, projetamos um crescimento anual de 2% em 2023, impulsionado pela recuperação do turismo para um nível de 80% anterior à pandemia e por um ajustamento orçamental concentrado no início do período", acrescentou o economista.

O FMI prevê que, depois de um crescimento de 1,9% em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) tenha registado uma expansão de 0,9% no ano passado, mas deverá acelerar para 2,4% este ano e 3,5% até 2025, "apoiado pelo investimento em infraestruturas, por um maior potencial do turismo e exportações de óleo de palma e cacau, à medida que o acesso a importações de adubos se normaliza".

Na base do abrandamento económico está a pandemia, a escassez persistente de energia, as inundações do final do ano passado e o aumento acentuado dos preços dos alimentos e dos combustíveis a nível mundial, disse Thibault Lemaire, o que levou a uma degradação das condições económicas, a que se juntam os gastos eleitorais.

"O desempenho orçamental deteriorou-se significativamente em 2022, refletindo sobretudo um aumento acentuado das despesas com as eleições", vincou, notando também que "as saídas de capital estrangeiro e a estagnação do financiamento externo levaram a uma deterioração da posição externa" de São Tomé e Príncipe.

O FMI anunciou no final de março que aprovou um programa de assistência técnica para o arquipélago, no valor de 20 milhões de dólares, mais de 18 milhões de euros, para sustentar o "ambicioso programa de reformas das autoridades" até finais de 2026.

"O ambicioso programa de reformas das autoridades visa restabelecer a estabilidade macroeconómica, ao mesmo tempo que protege a população vulnerável, preserva a estabilidade financeira e lança as bases para um crescimento mais rápido e inclusivo", lê-se no comunicado divulgado então em Washington.

O acordo surge na sequência do "descarrilamento total" das metas do anterior programa no verão passado, que levou à suspensão do programa então em curso e motivado novas negociações, já lideradas pelo novo primeiro-ministro, Patrice Trovoada.

Quanto à inflação, que subiu para níveis inéditos no seguimento do aumento dos preços dos combustíveis e dos alimentos, nomeadamente os cereais, face à invasão da Ucrânia pela Rússia, o FMI nota uma desaceleração para 23,5% em fevereiro, face ao período homólogo, depois de em janeiro este valor ter sido de 25,6%.

"Este aumento acentuado foi impulsionado pelos preços mundiais dos alimentos, combustíveis e fertilizantes, bem como pelo financiamento monetário do défice orçamental", considerou Thibault Lemaire.

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