O "rival" russo do Festival da Canção da Eurovisão está de regresso. Conhecido por "Intervision Song Contest", a última edição ocorreu há mais de 40 anos.
Com a agressão russa à Ucrânia em 2022, Moscovo foi banido da competição musical ocidental. Desde então, o presidente Vladimir Putin decidiu restaurar o concurso de canto da era da União Soviética.
A versão renovada do Intervision Song Contest
Na nova edição do espetáculo, o Kremlin promete destacar “valores tradicionais” e baladas patrióticas. Sem perder o brilho europeu, Moscovo remodela o festival musical à sua própria imagem.
Entre os participantes estão membros do bloco Brics – China, Índia, Brasil e África do Sul – bem como aliados pós-soviéticos, como a Bielorrússia e vários estados da Ásia Central.
O espetáculo acontece na Live Arena de Moscovo este sábado, 20 de setembro, e será apresentado pelo showman chinês Lay (cujo o nome real é Meng Lei) e pelo ator indiano Stefy Patel.
A dupla, anunciada como o “par internacional” de apresentadores do concurso, têm a missão de conduzir o festival musical, que conta com 23 participações.
Entre os concorrentes estão membros do bloco Brics – China, índia, Brasil e África do Sul – bem como aliados pós-soviéticos, como a Bielorrússia e vários estados da Ásia Central.
“A qualidade é alta. O principal para nós é que os participantes trazem consigo a sua cultura, valores de vida e tradições espirituais. Isso foi bem-sucedido”, afirmou o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.
Por sua vez, os organizadores prometeram uma “verdadeira celebração da música” durante o espetáculo, sobretudo a promoção da “identidade nacional”, refletindo narrativas russas oficiais.
No evento de sábado, cada artista cantará na língua materna, “ao contrário da Eurovisão, onde a maioria das músicas é frequentemente cantada em inglês”, explicou a produção. Não há votação pública, como na Eurovisão, mas sim um júri internacional que decidirá quem é vencedor.
Rauhan Malik, concorrente da Índia | Yuri Kochetkov - EPA
Sergei Kiriyenko, um alto funcionário do Kremlin e presidente do conselho de supervisão do concurso, revelou grande espectativa no sucesso do festival já que os países participantes representam “4,334 mil milhões de pessoas – ou mais da metade da população do planeta”.
Para o analista de políticas externas, Cyrille Bret, “relançar o Intervision significa combater o entretenimento ocidental e puxar os fios de uma competição típica da Guerra Fria”.
Desde que foi excluída da Eurovisão, a Rússia tem procurado “plataformas e canais de influência”, continuou, citado no Kyiv Post.
Este concurso musical pretende “contribuir para a reorientação da influência russa do Ocidente para o Oriente, Eurásia e o Sul Global”, concluiu.
Os candidatos
A Rússia será representada por Shaman. É um cantor loiro que se tornou um dos rostos mais proeminentes do esforço de guerra do Kremlin.
Com temas como "Eu Sou Russo", Shaman transformou a canção patriótica num hino não oficial do movimento pró-guerra de Moscovo.
Com o nome real de Yaroslav Dronov, Shaman cultivou um público fervoroso em território nacional, participando em comícios e festividades militares e empunhando a bandeira russa.
A cantora do Catar, Dana Al Meer e a dupla de Madagascar, Denise & D-Lain, também subirão ao palco.
A representação brasileira conta a dupla Luciano Calazans e Tais Nader | Yuri Kochetkov - EPA
Porém, dos Estados Unidos chegou um revés. O cantor norte-americano Brandon Howard, retirou-se a poucos dias da emissão. A sua participação foi muito badalada por Moscovo, no entanto Howard nunca terá feito parte de nenhuma delegação oficial dos EUA.
Naturalmente, nenhum artista de um país da União Europeia participará.