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Forças russas posicionadas junto à fronteira começam a ser retiradas, indica Moscovo
O Ministério russo da Defesa anunciou esta terça-feira a retirada de algumas forças russas destacadas há várias semanas junto à fronteira com a Ucrânia. Os militares começam a regressar às suas bases ainda hoje, indicou um porta-voz. NATO e Ucrânia recebem a notícia com apreensão e esperam gestos concretos.
“As unidades dos distritos militares a sul e oeste que cumpriam o destacamento já começaram a carregar os meios de transporte ferroviário e rodoviário e vão começar a regressar às suas bases hoje”, disse o porta-voz do Ministério, Igor Konashenkov, citado pela agência russa Interfax.
Ao anunciar esta decisão, o responsável indica que os exercícios de larga escala no país continuam, mas algumas unidades dos distritos sul e oeste, mais próximos da fronteira com a Ucrânia, já completaram os exercícios para os quais tinham sido destacados.
Na reação a este presumível recuo, a NATO diz que recebe a informação com "otimismo cauteloso". O secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, afirma, no entanto, que não houve ainda nenhum sinal concreto de desescalada.
No mesmo tom, o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros reagiu esta terça-feira com algum ceticismo. "Quando virmos uma retirada, poderemos acreditar numa desescalada", afirmou Dmytro Kuleba.
Nas últimas semanas, a Rússia juntou mais de 130 mil soldados junto das fronteiras com a Ucrânia, motivando grande preocupação e alimentando o receio de uma invasão daquele país.
Destes militares, cerca de 30 mil estão destacados em exercícios militares conjuntos com a Bielorrússia. Este exercício militar concreto deverá terminar no próximo domingo, a 20 de fevereiro.
Os sinais enviados pelo Kremlin nas últimas horas são contraditórios: novas imagens de satélite divulgadas por uma empresa norte-americana, a Maxar Technologies, mostram um crescendo de atividade militar russa em vários locais junto à Ucrânia. A empresa tem acompanhado as movimentações russas e indica que houve atividades significativas entre domingo e segunda-feira.
O próprio Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, indicou na segunda-feira que já haveria data fixada pelas forças russas para uma invasão do país: quarta-feira, 16 de fevereiro.
A retirada parcial surge após semanas de intensos esforços diplomáticos e acontece no dia em que o chanceler alemão, Olaf Scholz, é esperado em Moscovo com a questão da Ucrânia no centro das conversações com o Presidente russo, Vladimir Putin.