Forte sismo assusta população da ilha Brava, no arquipélago de Cabo Verde
A ilha Brava, a mais pequena de Cabo Verde, situada no Sotavento do arquipélago, foi sacudida por um forte abalo sísmico na madrugada de sábado, disse esta segunda-feira à Agência Lusa fonte do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
Não há registo de danos humanos, apenas materiais, e o LNEC cabo-verdiano está no terreno desde a manhã de hoje com uma equipa, transportada por um helicóptero da NATO, que está em exercícios no país, para averiguar a dimensão do abalo.
Até ao momento, explicou à Lusa o presidente do LNEC, António Gonçalves, por dificuldades técnicas, "ainda não foi possível determinar a magnitude do sismo", embora seja já possível saber que "este foi bastante mais intenso que os normais que atingem a ilha".
"A ilha Brava é diariamente atingida por sismos de baixa intensidade, a maior parte dos quais não é sentido pela população, mas este foi além do normal e deixou as pessoas algo inquietas devido a alguns estragos materiais em casas e edifícios públicos", explicou.
Algumas deficiências técnicas nos aparelhos de registo existentes na ilha, a maior parte a funcionar através de painéis solares, impediu até agora o LNEC de obter dados quanto à magnitude do abalo registado às 04:00 de sábado.
Segundo o correspondente na ilha da Rádio de Cabo Verde (RCV), um dos estragos mais visíveis provocados pelo sismo foi a queda de parte do tecto da Câmara Municipal da ilha.
Ainda segundo a RCV, o presidente da Câmara Municipal da Brava, Camilo Gonçalves, afirmou estar a acompanhar a situação.
O autarca declarou esperar que seja realizado em breve "um estudo mais aprofundado sobre esta matéria de modo a permitir uma avaliação clara de que tipo de fissuras, a quantos metros de profundidade ocorreu e que consequências podem ter estes abalos tectónicos para tranquilizar a população".
Sobre a questão levantada pelo autarca da Brava, António Gonçalves, do LNEC, afirmou à Lusa que "há, de facto, necessidade de se fazer uma maior vigilância na rede sísmica para as regiões das ilhas do Fogo e da Brava".
"Isto, porque a rede sísmica vulcanológica existente foi estabelecida há dez anos atrás para avaliar as erupções do vulcão da ilha do Fogo e existe uma estação sismográfica que neste momento não está a funcionar", acrescentou.
A necessidade de aumentar a vigilância impõe-se para obter "melhores informações sobre os sismos da ilha da Brava que são de natureza tectónica", diferentes dos sismos que ocorrem na ilha do Fogo, provocados pela movimentação do magma na câmara magmática".
Como alternativa à ausência de meios de registo na Brava, Gonçalves diz que está a funcionar uma estação na ilha do Fogo que capta os sinais provenientes da Brava, sendo a partir destes registos que estão a ser analisados os dados referentes ao sismo de sábado.
António Gonçalves, questionado pela Lusa sobre a eventualidade de este sismo poder ser o início de um ciclo mais agressivo na ilha da Brava, garante que "não há quaisquer elementos que permitam fazer esse prognóstico".
No entanto, sublinha que "os dados estão agora a ser recolhidos no local e através da análise dos registos e só posteriormente será possível avançar outros detalhes".
Entretanto, o helicóptero da NATO que transportou a equipa do LNEC para a Brava faz parte do equipamento que a Aliança tem actualmente no país no âmbito dos exercícios militares "Steadfast Jaguar 2006".
Uma das vertentes do exercício passa pela simulação de uma evacuação de civis a partir de uma simulação de uma erupção do vulcão do Fogo, estando esta ilha muito próxima da Brava, visível a olho nu a partir do Fogo.