Fórum de contas públicas aplaude extradição de ex-ministro para os EUA

por Lusa

O Fórum de Monitoria do Orçamento (FMO), uma associação de organizações da sociedade civil moçambicana, aplaudiu hoje a extradição do antigo ministro moçambicano Manuel Chang para os EUA, esperando que ajude a esclarecer o caso das dívidas ocultas.

"O FMO acredita que a extradição de Manuel Chang para os Estados Unidos da América irá contribuir para o esclarecimento das dúvidas e incertezas que ainda existem relativamente ao caso", pode ler-se num comunicado em que "aplaude" e se "congratula" com a decisão do Tribunal Constitucional da África do Sul.

Apesar das condenações que já houve no julgamento em Moçambique, o FMO acredita que o processo judicial nos EUA vai ajudar a "responsabilizar os autores e restaurar ao Estado moçambicano", os 2,7 mil milhões de dólares perdidos com o esquema de corrupção, através de garantias soberanas concedidas à revelia do parlamento e parceiros.

O fórum de contas públicas fez parte da contestação judicial que manteve a extradição para os EUA em cima da mesa, por oposição aos pedidos da Procuradoria-Geral da República (PGR) moçambicana para o receber.

"O FMO tem estado a acompanhar [o caso] desde o início, tendo submetido várias interpelações as autoridades judiciais sul-africanas, num processo que se considera um dos mais emblemáticos de litigação onde a sociedade civil teve um papel preponderante", descreve.

A organização reitera "a necessidade de uma contínua investigação para o esclarecimento completo" do caso, com a clarificação de "todos os contornos e os respetivos responsáveis".

"O FMO continuará a acompanhar o processo", conclui.

O porta-voz do ministro da Justiça e Serviços Correcionais da África do Sul disse na quinta-feira à Lusa aguardar por instruções da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) para extraditar o ex-ministro das Finanças de Moçambique para os EUA.

"Tomámos nota da ordem do Tribunal Constitucional e iremos atendê-la em conformidade. Seremos orientados pela Interpol relativamente aos próximos passos", referiu Chrispin Piri.

Manuel Chang, de 63 anos, foi detido em 29 de dezembro de 2018 no Aeroporto Internacional O. R. Tambo, em Joanesburgo, a caminho do Dubai, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA em 27 de dezembro, pelo seu presumível envolvimento no chamado processo das dívidas ocultas de 2,7 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros) secretamente contraídas no vizinho país lusófono.

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