Fórum de saúde encerra em Maputo com apelo à ação global para travar morte de crianças

O Fórum Global de Inovação e Ação para Imunização e Sobrevivência Infantil -- 2025 encerrou hoje em Maputo com apelos ao reforço na cobertura vacinal e à ação global para travar a mortalidade evitável em menores de cinco anos.

Lusa /

"A promoção da sobrevivência infantil exige uma abordagem ousada, integrada e centrada nas pessoas. Este não é o momento para perpetuar o `status quo`. Torna-se imperioso articular a inovação com serviços de saúde acessíveis, equitativos e contínuos, capazes de responder de forma eficaz às necessidades das crianças", lê-se no compromisso final conjunto assumido durante o fórum.

No documento é reconhecido que conflitos armados, mudanças climáticas e cortes ao financiamento para programas de saúde comprometem os avanços na luta para travar a morte de menores com doenças como malária, diarreias, pneumonia e fatores obstétricos.

 "Apesar de a África subsaariana registar a mais elevada taxa de mortalidade infantil, a necessidade de resposta estende-se a outras regiões do mundo, impondo uma ação concertada, urgente e de caráter multissetorial", aponta-se no documento.

O referido compromisso conjunto pede aposta na prevenção, preparação e respostas às emergências de saúde pública, a aceleração da cobertura vacinal em todos os países até 90%, "incluindo a vacina pneumocócica conjugada (PCV), contra difteria, tétano e tosse convulsa, sarampo, rotavírus, malária, meningite e febre tifoide, dando prioridade às crianças sem qualquer dose".

No mesmo documento, apela-se à promoção de parcerias entre Governos e instituições nacionais e regionais, incluindo organizações da sociedade civil que ajudam a combater doenças no mundo, em que se pede aposta na concentração de esforços em crianças vulneráveis, sobretudo da África subsaariana e do sul da Ásia e eliminando-se obstáculos no acesso aos cuidados de saúde.

No compromisso apela-se ao reforço do "financiamento interno e internacional destinado à sobrevivência infantil, priorizando intervenções eficazes e a disponibilização de produtos essenciais que salvam vidas e que contribuem para o fortalecimento dos sistemas de saúde, incluindo os recursos humanos da saúde", e pede-se recursos disponíveis que beneficiem crianças mais vulneráveis.

"A mortalidade infantil constitui mais do que um desafio, trata-se de uma crise que exige uma resposta imediata e o momento de agir é agora. Com o prazo iminente para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3.2 até 2030, e 60 países ainda fora do caminho necessário para atingir a meta relativa à sobrevivência infantil, impõe-se uma ação determinada para colmatar as lacunas existentes", indica-se no documento conjunto.

Mais de 300 delegados de 29 países, incluindo ministros e vice-ministros da saúde, cientistas e académicos e organizações da sociedade civil, participaram em Maputo do Fórum Global de Inovação e Ação para Imunização e Sobrevivência Infantil -- 2025.

O encontro foi organizado pelos Ministérios de Saúde de Moçambique e da Serra Leoa e pelo Governo da Espanha com a colaboração das fundações "la Caixa" e Bill and Melinda Gates e da Unicef.

O fórum discutiu soluções científicas para que o mundo se possa reposicionar no aceleramento do combate à mortalidade infantil, incluindo a exigência de um novo compromisso político nesta causa.

Samo Gudo, diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde de Moçambique, assinalou uma "redução histórica e sem precedentes" da mortalidade infantil nas últimas décadas no mundo, destacando que, entre 1990 e 2023, o número de mortes de crianças menores de cinco anos baixou de cerca de 12,8 milhões por ano para 4,8 milhões.

Não obstante esses avanços, organizações de saúde mundiais registaram um abrandamento, desde 2015, do ritmo de redução da mortalidade na faixa etária em referência, assinalando o risco de pelo menos 60 países africanos não alcançarem a meta dos ODS, conforme estimativas da Organização Mundial da Saúde avançadas pelo mesmo responsável.

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