Fotógrafo da AFP gravemente ferido em manifestação anti-Charlie no Paquistão

por RTP
Manifestantes em Lahore, Paquistão, a 15 de janeiro de 2015, pedem o enforcamento dos cartoonistas do jornal "CHarlie Hebdo" responsáveis por uma nova caricatura do profeta Maomé. Os partidos radicais islâmicos paquistaneses têm apelado a manifestações em massa contra as representações satíricas de Maomé e "em defesa do prestígio do profeta". Mohsin Raza/Reuters

As forças policiais paquistanesas dispersaram à força com canhões de água e gás lacrimogéneo uma manifestação frente ao consulado de França em Karachi, a capital económica do Paquistão, contra as caricaturas publicadas pelo jornal satírico "Charlie Hebdo". Um fotógrafo da Agência France Presse ficou gravemente ferido no tumulto.

"O fotógrafo fa AFP, Asif Hasan, ficou ferido por tiros disparados pelos... manifestantes, a polícia não abriu fogo", afirmou um dos responsáveis pelas forças de segurança, Abdul Khali, contrariando notícias anteriores que afirmavam que a polícia tinha disparado para o ar.

Um fotografo da Reuters afirmou que muitos dos manifestantes estavam armados.
Os cerca de 200 manifestantes eram, na sua maioria, membros do partido Islami Jamiat-e-Talaba e juntaram-se no local após as orações de sexta-feira.

Os grandes partidos islamitas paquistaneses têm apelado a um movimento nacional em massa para denunciar a nova publicação de uma caricatura do profeta Maomé, esta semana, sob o lema "em defesa do prestígo do profeta".

Vários protestos apelam em ingês ao enforcamento imediato dos cartoonistas. Em todo o país foram tomadas medidas extra de segurança.
Pressão sobre ONU e UE
Quinta-feira, num esforço também de não contrariar os extremistas islâmicos, a Assembleia Nacional aprovou por esmagadora maioria, uma resolução a condenar a nova caricatura de Maomé publicada quarta-feira como capa do semanário.
O mais recente desenho do Charlie Hebdo mostra o profeta, fundador do Islão, comovido a segurar um cartaz com o slogan "je suis Charlie" sob a frase "tudo está perdoado".

A resolução pede ao Conselho de Segurança da ONU e à União Europeia que tomem medidas para proibir a publicação de tais caricaturas.

O texto sublinha ainda que o Parlamento paquistanês apoia a liberdade de expressão mas que os países da União Europeia deviam saber os limites que lhe estão associados.

O ministros para os Assuntos Religiosos, Sardar Muhammas Yousaaf disse esta quinta-feira que nenhum muçulmano podia tolerar blasfémias e que esta questão devia ser levantada nos fóruns internacionais a todos os níveis.
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