França, Alemanha e Polónia pediram hoje ao Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, que garanta que as eleições presidenciais, marcadas para o próximo domingo, sejam "livres e justas".
"Instamos as autoridades bielorrussas a conduzir as eleições presidenciais de maneira livre e justa, garantindo a observação da votação "pelos observadores locais", sublinharam os chefes de diplomacia dos três países, numa declaração conjunta.
Jean-Yves Le Drian, Heiko Maas e Jacek Czaputowicz lamentaram a ausência de observadores do Conselho da Europa e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Esta é a primeira vez, desde 2001, que a OSCE não participa numa eleição nacional na Bielorrússia, já que não recebeu convite oficial a tempo.
Normalmente decidida com antecedência, esta eleição tornou-se um desafio para o autoritário Alexander Lukashenko, quando surgiu uma adversária inesperada que mobilizou a multidão.
No poder desde 1994, nesta antiga república soviética, o Presidente da Bielorrússia redobrou os seus esforços, nas últimas semanas, para conter a ascensão de Svetlana Tikhanovskaïa, denunciando uma conspiração com a cumplicidade do Kremlin para o para fazer cair.
Lukashenko já tinha eliminado os seus principais concorrentes na primavera e no início do verão, estando dois deles presos e um terceiro no exílio.
Paris, Berlim e Varsóvia pediram ao Presidente para "libertar todos os presos detidos por razões políticas e abster-se de qualquer violência ou atividade dirigida contra os direitos humanos, incluindo liberdades civis e políticas".
Os três países apelaram ainda a que seja respeitada a vontade do povo bielorrusso.
Além de Lukashenko, no poder há 25 anos, a Comissão Eleitoral autorizou a inscrição de outros três candidatos, mas vetou vários outros, provocando manifestações e protestos no país.
Em julho, o Ministério do Interior deteve, numa só noite, mais de 250 pessoas em Minsk e outras cidades do país quando protestavam contra a decisão da Comissão Eleitoral de excluir o ex-banqueiro Viktor Babariko, e principal rival de Lukashenko, e o ex-diplomata Valeri Tsepkalo.
A candidatura do antigo banqueiro, filantropo e figura pública de 56 anos, foi recusada pelo facto de não ter declarado todos os seus rendimentos e ter recebido financiamentos do estrangeiro para a sua campanha.
De acordo com os investigadores, Viktor Babaryko foi detido em meados de junho por suspeitas de liderar um "grupo organizado" acusado de "fraudes" e de "branqueamento de dinheiro", através do banco Belgazprombank, uma filial do gigante russo Gazprom.
A Comissão Eleitoral também rejeitou a candidatura de Valeri Tsepkalo, de 55 anos, um antigo e experiente diplomata bielorrusso que se tornou num detrator do poder, por não ter reunido o número suficiente de assinaturas.
Desde a chegada de Alexander Lukashenko ao poder, em 1994, nenhuma corrente da oposição conseguiu afirmar-se na paisagem política bielorrussa. Muitos dos seus dirigentes foram detidos, e em 2019 nenhum opositor foi eleito para o parlamento.