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França. Bayrou enfrenta voto de confiança com queda do Governo a ameaçar economia europeia
O primeiro-ministro francês François Bayrou enfrenta esta segunda-feira a votação no parlamento sobre a moção de confiança e que pode ditar a queda do Governo. O próprio chefe do executivo denunciou este domingoas forças políticas que estão "em guerra civil aberta entre si" há três anos na Assembleia e vão aliar-se "para derrubar o governo". França está à beira de uma nova crise política.
"Trata-se de formações políticas que não só não concordam em nada, mas, pior ainda, estão em guerra civil aberta entre si (…) e unem-se para derrubar o governo", criticou François Bayrou em entrevista ao meio de comunicação francês Brut este sábado, a última antes de se submeter ao voto de confiança na Assembleia Nacional.
O chefe do Governo francês denunciou a atitude da oposição no hemiciclo, em especial do Rassemblement National, o partido de extrema-direita de Marine Le Pen, e da France Insoumise, o partido de Jean-Luc Mélenchon de esquerda radical. Para Bayrou, os líderes políticos recusam-se a encarar a realidade e a aceitar as soluções propostas pelo Executivo para fazer face aos problemas dos franceses, nomeadamente os financeiros.
Esta instabilidade corre o risco de inaugurar uma fase de turbulência financeira, que pode contaminar a Europa.
Conformado com o desfecho expectável da votação de segunda-feira, salvo surpresa, o primeiro-ministro francês afirmou que "há coisas piores na vida do que estar à frente de um governo e que esse governo seja derrubado". François Bayrou disse também que não "tinha nenhum arrependimento" e que "fez o que tinha de ser feito".
Foi o próprio primeiro-ministro francês que desencadeou o voto de confiança ao anunciar que iria submeter à aprovação parlamentar a sua proposta de Orçamento do Estado para 2026, um documento impopular desde que foi apresentado no mês de julho.
Face à enorme crise da dívida pública francesa, de 114% do PIB no primeiro trimestre de 2025, François Bayrou propôs cortar 44 mil milhões de euros para reparar as finanças públicas, plano acrescentado com a eliminação de dois feriados públicos e o congelamento das pensões.
O La France Insoumise e o Rassemblement National já anunciaram que votarão contra, o que deverá conduzir à demissão do Governo e à dissolução do Parlamento, abrindo caminho a novas eleições. Para que o Governo seja derrubado, são necessários 289 votos entre os 577 deputados.
Na segunda e quarta-feira, estão previstas mobilizações em toda a França contra o Governo de François Bayrou, convocadas pelo movimento popular "Bloquons tout" (Vamos Bloquear tudo, numa tradução livre para português).
Várias ações de protesto estão agendados no setor dos transportes públicos, hospitais, farmácias, recolha de lixo ou até convívios de despedida, por ocasião da "despedida de Bayrou".
Esta instabilidade política, sem precedentes durante a Quinta República Francesa, foi desencadeada pela dissolução da Assembleia Nacional por Emmanuel Macron, em junho de 2024, após a sua derrota história para a extrema-direita nas eleições europeias.
Macron procurava um “esclarecimento”, mas as eleições legislativas que se seguiram resultaram numa França ainda mais dividida. A Assembleia Nacional ficou fragmentada em três blocos (uma aliança entre a esquerda, os macronistas, e a direita e a extrema-direita), nenhum dos quais detém a maioria absoluta.
O chefe do Governo francês denunciou a atitude da oposição no hemiciclo, em especial do Rassemblement National, o partido de extrema-direita de Marine Le Pen, e da France Insoumise, o partido de Jean-Luc Mélenchon de esquerda radical. Para Bayrou, os líderes políticos recusam-se a encarar a realidade e a aceitar as soluções propostas pelo Executivo para fazer face aos problemas dos franceses, nomeadamente os financeiros.
Esta instabilidade corre o risco de inaugurar uma fase de turbulência financeira, que pode contaminar a Europa.
Conformado com o desfecho expectável da votação de segunda-feira, salvo surpresa, o primeiro-ministro francês afirmou que "há coisas piores na vida do que estar à frente de um governo e que esse governo seja derrubado". François Bayrou disse também que não "tinha nenhum arrependimento" e que "fez o que tinha de ser feito".
Foi o próprio primeiro-ministro francês que desencadeou o voto de confiança ao anunciar que iria submeter à aprovação parlamentar a sua proposta de Orçamento do Estado para 2026, um documento impopular desde que foi apresentado no mês de julho.
Face à enorme crise da dívida pública francesa, de 114% do PIB no primeiro trimestre de 2025, François Bayrou propôs cortar 44 mil milhões de euros para reparar as finanças públicas, plano acrescentado com a eliminação de dois feriados públicos e o congelamento das pensões.
O La France Insoumise e o Rassemblement National já anunciaram que votarão contra, o que deverá conduzir à demissão do Governo e à dissolução do Parlamento, abrindo caminho a novas eleições. Para que o Governo seja derrubado, são necessários 289 votos entre os 577 deputados.
Se obtiver a confiança parlamentar, Bayrou, que está no cargo há nove meses, terá de ultrapassar este mês uma moção de censura anunciada pelo LFI, que também custou o cargo ao antecessor Michel Barnier, em dezembro de 2024.
Várias ações de protesto estão agendados no setor dos transportes públicos, hospitais, farmácias, recolha de lixo ou até convívios de despedida, por ocasião da "despedida de Bayrou".
Segunda crise política no mesmo ano
França está, assim, a mergulhar novamente na incerteza política, apenas oito meses após a tomada de posse do seu Governo, que corre o risco de cair pela mesma razão que a do seu antecessor, Michel Barnier: a incapacidade de aprovar um orçamento para o país.Esta instabilidade política, sem precedentes durante a Quinta República Francesa, foi desencadeada pela dissolução da Assembleia Nacional por Emmanuel Macron, em junho de 2024, após a sua derrota história para a extrema-direita nas eleições europeias.
Macron procurava um “esclarecimento”, mas as eleições legislativas que se seguiram resultaram numa França ainda mais dividida. A Assembleia Nacional ficou fragmentada em três blocos (uma aliança entre a esquerda, os macronistas, e a direita e a extrema-direita), nenhum dos quais detém a maioria absoluta.