França e Brasil desdramatizam diferendo sobre subsídios agrícolas

Os Presidentes brasileiro e francês desdramatizaram hoje em Paris o diferendo existente entre os dois países quanto aos subsídios à exportação de produtos agrícolas, que o Brasil pretende ver abolidos.

Agência LUSA /

"Não há problema algum, compreendemos perfeitamente a posição do Presidente Lula da Silva e sei que ele também compreende a nossa", esclareceu o Presidente francês, Jacques Chirac, numa conferência de imprensa no Palácio do Eliseu.

O Presidente lembrou que "a União Europeia (UE) já decidiu a supressão total dos subsídios à exportação", mas esta medida só será posta em prática "quando os grandes exportadores fizerem o mesmo", em particular os Estados Unidos.

"O problema é entre os EUA e o resto do mundo", acusou.

Também o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em visita oficial a França, foi diplomático nas declarações aos jornalistas, afirmando que "é normal que cada país defenda o seu interesse".

No entanto, defendeu que "gestos têm de ser feitos para permitir que participe no mundo económico a parte mais pobre do planeta", mostrando-se optimista nas próximas negociações do processo de Doha, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).

"Esperamos que tragam avanços substanciais", declarou, notando que nas duas últimas reuniões do grupo dos sete países mais industrializados (Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos e Japão) e a Rússia (G8) e do Fórum Económico de Davos a pobreza foi um dos principais temas em debate, o que mostra que "algo está a mudar".

Os dois chefes de Estado reafirmaram a sintonia na defesa de questões como a luta contra a fome e a pobreza e fizeram uma declaração comum sobre mecanismos inovadores de financiamento ao desenvolvimento e o combate à Sida e outras epidemias.

Além da luta contra a evasão fiscal, a facilitação das transferências dos trabalhadores migrantes ou uma taxa sobre o comércio de armas, pretendem ver implementado "até 2006, um projecto-piloto de contribuição internacional sobre os bilhetes de avião".

Na reunião entre Lula e Chirac, que encerrou a visita de três dias do Presidente brasileiro a França, foram assinados acordos bilaterais para a cooperação de tecnologias avançadas, aeronáutica militar, cinema e políticas ambientais.

Foi ainda anunciada a compra de 12 aviões Mirage pelo Brasil à França e formalizado o acordo de construção de uma ponte sobre o rio Oiapoque entre a Guiana francesa e o Estado de Amapa, no Brasil.


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