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França entrega mais de 1.400 armas ao Exército centro-africano

por Lusa

Bangui, 11 dez (Lusa) - O Governo francês entregou hoje mais de 1.400 metralhadoras e três veículos anfíbios às Forças Armadas da República Centro-Africana (RCA), processo supervisionado em Bangui, capital do país, pela ministra da Defesa de França, Florence Parly.

A cerimónia de entrega do equipamento - medida anunciada em novembro, e que comporta ainda a entrega de 24 milhões de euros em ajuda humanitária - decorreu na base militar de M`Polo.

Na plataforma Twitter, a responsável governamental salientou que França vai continuar a apoiar a RCA, cujo governo enfrenta um embargo internacional de armas.

"França está do lado da República Centro-Africana", escreveu a ministra.

"Inequivocamente, a França vai continuar a apoiar a reconstrução do Exército centro-africano, como parte da ação da comunidade internacional", sublinhou Florence Parly.

Em 2013, as Nações Unidas decretaram um embargo à importação de armas por parte da RCA.

Nos últimos meses, a Rússia investiu em vários projetos nesta ex-colónia francesa, como a formação das Forças Armadas e a relação com as milícias, mesmo com o risco de perturbar processos em curso.

No domingo, o ministro da Defesa Nacional português, João Gomes Cravinho, defendeu que Portugal "tem ainda um papel imprescindível a desempenhar" na RCA na estabilização do país e anunciou que vai propor o prolongamento das duas missões.

"Na segunda-feira [hoje] será discutido no Conselho Superior de Defesa Nacional a colocação das nossas Forças Nacionais Destacadas em 2019: a proposta que vamos fazer vai no sentido da manutenção desta missão. Naturalmente que não me posso antecipar às conclusões, mas acreditamos que temos um papel imprescindível ainda a desempenhar aqui na RCA", afirmou João Gomes Cravinho em declarações à Lusa, em Bangui, na capital daquele país.

Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA).

No início de setembro, o major-general do Exército Marco Serronha assumiu o cargo de 2.º comandante da MINUSCA, que já sofreu 75 mortos desde que foi criada, em 2014.

Portugal tem atualmente 214 militares empenhados em missões na RCA, 159 dos quais na MINUSCA, uma companhia de paraquedistas e elementos de ligação e 45 na missão da União Europeia de formação e assessoria às Forças Armadas da RCA.

Portugal também integra e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

Segundo dados fornecidos à Lusa, a missão da União Europeia já formou, em dois anos, 3.400 militares das Forças Armadas da RCA (FACA), que terão entre 7.000 a 8.000 militares no total.

O conflito na RCA, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou centenas de milhares de mortos entre os civis, 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

Desde 2013 que a RCA enfrenta sucessivos casos de violência protagonizados por milícias muçulmanas, partidárias dos rebeldes dos Seleka e cristãos denominados anti-Balaka, que causaram milhares de mortos.

O governo do Presidente, Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.

O resto é dividido por 18 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

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