França. Macron reconduz Sébastien Lecornu como primeiro-ministro

O presidente francês reconduziu Sébastien Lecornu como primeiro-ministro francês, uma decisão que surge poucos dias após o pedido de demissão do mesmo. Emmanuel Macron pede agora ao chefe do executivo que forme um novo elenco governativo.

RTP /
Foto: Stephanie Lecocq - Reuters

"Aceito - por dever - a missão que me foi confiada", escreveu Lecornu na rede social X, acrescentando que é necessário "pôr fim a esta crise política, que exaspera o povo francês, e a esta instabilidade, que prejudica a imagem e os interesses da França".

Este novo Governo "deve encarnar a renovação", declarou ainda, e "todas as questões levantadas" durante as consultas com os partidos políticos nos últimos dias serão "abertas ao debate parlamentar".

"A restauração das nossas finanças públicas continua a ser uma prioridade para o nosso futuro e a nossa soberania", escreveu na mesma publicação.


"Farei tudo o que estiver ao meu alcance para dotar a França de um orçamento até ao final do ano e para responder aos problemas do quotidiano dos nossos compatriotas", declarou Lecornu nas redes sociais, nos seus primeiros comentários após ter sido nomeado chefe do governo pela segunda vez num mês e apenas quatro dias depois de se demitir.

A nomeação é amplamente vista como a última oportunidade do Presidente para revigorar o seu segundo mandato, que se prolonga até 2027.

O anúncio da presidência francesa foi feito sem mais pormenores, após longas negociações para quebrar o impasse político francês. 

"O presidente da República nomeou o Sébastien Lecornu como primeiro-ministro e encarregou-o de formar um Governo", lê-se na nota da Presidência, sem mais detalhes.

Ao nomear Lecornu, Macron corre o risco de provocar mais contestação dos opositores políticos, que argumentam que a melhor saída para a crise política seria a realização de eleições legislativas antecipadas ou renunciar.

A tarefa imediata de Lecornu será apresentar um orçamento ao parlamento até o final do dia de segunda-feira.
Oposição promete censura a novo Governo
A chamada esquerda radical França Insubmissa (LFI), a extrema direita, pelo partido Rassemblement National, e o Partido Comunista reagiram já à recondução do primeiro-ministro e prometeram censurar o próximo Governo.

"Mais uma chapada na cara dos franceses vindo de um homem irresponsável embriagado de poder. A França e o seu povo estão humilhados", escreveu o coordenador da LFI no X, especificando que o partido de esquerda radical apresentaria "uma nova moção de impeachment do presidente" Emmanuel Macron.

Os deputados da Rassemblement National vão "imediatamente" o novo governo de Sébastien Lecornu, prometeu o líder do partido de extrema direita, Jordan Bardella, na sexta-feira à noite no X, apontando como uma "equipa sem futuro".

"O Governo Lecornu II, nomeado por Emmanuel Macron, mais isolado e desconectado do que nunca no Palácio do Eliseu, é uma piada de mau gosto, uma vergonha democrática e uma humilhação para o povo francês", lê-se na reação nas redes sociais.



O partido de extrema direita apontou ainda que a renomeação só aconteceu devido ao "medo da dissolução — isto é, do povo".

Lecornu demitiu-se abruptamente na segunda-feira, poucas horas após a apresentação de um novo executivo que atraiu a oposição de um importante parceiro de coligação. A inesperada demissão provocou pedidos para que Macron se demitisse ou dissolvesse novamente o Parlamento.

Os dois maiores partidos da oposição na Assembleia Nacional, o partido de extrema-direita Rassemblement National e o partido de extrema-esquerda França Insubmissa, não foram convidados para as discussões de hoje.


O RN defende que Macron deve realizar novas eleições legislativas e a França Insubmissa quer a sua demissão.

C/agências
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