França. Motorista morre após ataque de passageiros a quem pediu que usassem máscara

por RTP
Dois dos homens responsáveis pelo ataque foram acusados de tentativa de homicídio. Foto: Caroline Blumberg - EPA

Um motorista de autocarro francês morreu na sexta-feira, depois de ter ficado em morte cerebral na sequência de um violento ataque por parte de passageiros a quem pediu que utilizassem máscara como medida de prevenção contra o novo coronavírus. O incidente está a merecer atenção a nível nacional, com cidadãos e figuras políticas a condenarem o "desprezível" e "cobarde" ataque.

Philippe Monguillot tinha 59 anos e conduzia autocarros na cidade francesa de Baiona. No passado domingo, enquanto trabalhava, pediu a três passageiros que colocassem máscaras e tentou verificar o bilhete de um deles. Os homens recusaram-se a cumprir as regras e atacaram o motorista, deixando-o em morte cerebral.

Na sexta-feira, a família de Monguillot anunciou a sua morte. “Decidimos deixá-lo partir. Os médicos estavam a favor e nós também”, disse à agência France Press a filha, Marie.

Dois dos homens responsáveis pelo ataque foram acusados de tentativa de homicídio. Têm 22 e 23 anos e já eram conhecidos da polícia. Outros dois homens presentes no momento do incidente estão acusados de não prestarem assistência a uma pessoa em perigo, e um outro de tentar esconder um suspeito.

Agora que o motorista faleceu, o procurador de Baiona, Jerome Bourrier, avançou à AFP que vai tentar agravar as acusações.

Os colegas do motorista usaram o seu direito de suspender funções na sequência do ataque, mas irão regressar ao trabalho na segunda-feira, com segurança reforçada. De acordo com a operadora de transportes local, passará a haver um agente de segurança nos chamados Trambus, os longos autocarros que atravessam a cidade de Baiona e a área circundante.

A família de Monguillot organizou na quarta-feira uma marcha silenciosa em sua homenagem, que teve início na paragem de autocarro onde aconteceu o ataque e que juntou centenas de pessoas.

Algumas figuras políticas de França já reagiram ao incidente, incluindo o recém-eleito primeiro-ministro do país, Jean Castex. “A República reconhece-o como um cidadão exemplar e não irá esquecê-lo. A lei vai castigar os autores deste desprezível crime”, escreveu o chefe de Governo no Twitter.


O ministro francês do Interior, Gerald Darmanin, que deverá este sábado reunir-se com alguns dos colegas de Monguillot para discutir a situação da segurança a bordo dos autocarros de transporte de passageiros, classificou o ataque de “repugnante”.

“Os cobardes responsáveis não podem sair impunes”, acrescentou o membro do Governo francês.

c/ agências
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