Um motorista de autocarro francês morreu na sexta-feira, depois de ter ficado em morte cerebral na sequência de um violento ataque por parte de passageiros a quem pediu que utilizassem máscara como medida de prevenção contra o novo coronavírus. O incidente está a merecer atenção a nível nacional, com cidadãos e figuras políticas a condenarem o "desprezível" e "cobarde" ataque.
Na sexta-feira, a família de Monguillot anunciou a sua morte. “Decidimos deixá-lo partir. Os médicos estavam a favor e nós também”, disse à agência France Press a filha, Marie.
Dois dos homens responsáveis pelo ataque foram acusados de tentativa de homicídio. Têm 22 e 23 anos e já eram conhecidos da polícia. Outros dois homens presentes no momento do incidente estão acusados de não prestarem assistência a uma pessoa em perigo, e um outro de tentar esconder um suspeito.
Agora que o motorista faleceu, o procurador de Baiona, Jerome Bourrier, avançou à AFP que vai tentar agravar as acusações.
Os colegas do motorista usaram o seu direito de suspender funções na sequência do ataque, mas irão regressar ao trabalho na segunda-feira, com segurança reforçada. De acordo com a operadora de transportes local, passará a haver um agente de segurança nos chamados Trambus, os longos autocarros que atravessam a cidade de Baiona e a área circundante.
A família de Monguillot organizou na quarta-feira uma marcha silenciosa em sua homenagem, que teve início na paragem de autocarro onde aconteceu o ataque e que juntou centenas de pessoas.
Algumas figuras políticas de França já reagiram ao incidente, incluindo o recém-eleito primeiro-ministro do país, Jean Castex. “A República reconhece-o como um cidadão exemplar e não irá esquecê-lo. A lei vai castigar os autores deste desprezível crime”, escreveu o chefe de Governo no Twitter.
Le décès de Philippe Monguillot, lâchement agressé dimanche à Bayonne pour avoir accompli son travail, nous touche en plein cœur. La République reconnaît en lui un citoyen exemplaire et ne l'oubliera pas. La Justice punira les auteurs de ce crime abject.
— Jean Castex (@JeanCASTEX) July 10, 2020
O ministro francês do Interior, Gerald Darmanin, que deverá este sábado reunir-se com alguns dos colegas de Monguillot para discutir a situação da segurança a bordo dos autocarros de transporte de passageiros, classificou o ataque de “repugnante”.
“Os cobardes responsáveis não podem sair impunes”, acrescentou o membro do Governo francês.
c/ agências