As sanções são a consequência de uma ordem executiva de Trump, em fevereiro, e que permite congelar bens e revogar vistos a qualquer pessoa que coopere com a investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre Israel e a guerra contra os territórios palestinianos.
A decisão de avançar com sanções contra a relatora da ONU surge na sequência dos esforços da jurista italiana para que o TPI tome medidas contra responsáveis políticos, militares e empresas norte-americanas e israelitas.
Há uma semana, Francesca Albanese publicou um relatório em que cita várias
multinacionais norte-americanas que auxiliam o que ela descreveu como a ocupação e a guerra de Israel em Gaza.
No documento, a italiana acusa as empresas de cometerem "graves violações do direito internacional" ao lucrar com uma "economia genocida".
Na mais recente luta contra as vozes mais críticas da guerra de Israel nos territórios palestinianos (Faixa de Gaza e Cisjordânia), o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, escreveu que “a campanha de guerra política e económica de Albanese contra os Estados Unidos e Israel não será mais tolerada”.
Nas redes sociais, Rubio acusou a jurista italiana de "antissemitismo flagrante" e de levar a cabo uma "campanha de guerra política e económica" dirigida a Washington e ao aliado israelita.
Sem se referir diretamente às sanções, Francesca Albanese escreveu no X, na noite de quarta-feira, que se
mantém "firme e convincentemente ao lado da justiça, como sempre fiz".
Já numa mensagem de texto que enviou à Al Jazeera, a relatora da ONU desvalorizou a ação norte-americana como "técnicas de intimidação ao estilo da máfia".
Especialistas em Direitos Humanos criticaram a aplicação de sanções contra Albanese. Um dos dirigentes do Centro para Política Internacional, com sede em Washington, classifica as sanções como "comportamento de Estado desonesto".
A Amnistia Internacional apela aos "governos em todo o mundo e todas as instituições que acreditam na ordem baseada em regras e no direito internacional” que façam “tudo o que estiver ao seu alcance para mitigar e bloquear o efeito das sanções contra Francesca Albanese”.
Na semana passada, a
missão dos EUA na ONU pediu que Francesca Albanese fosse removida do cargo por causa de
“um padrão de anos de antissemitismo virulento e preconceito anti-Israel implacável”.
Nesta declaração, os norte-americanos afirmaram que são “falsas e ofensivas” as alegações de Albanese de que Israel está a cometer genocídio ou apartheid na Faixa de Gaza.
No entanto, a pressão dos EUA não surtiu efeito e Albanese permanece como relatora das Nações Unidas para os direitos humanos na Palestina.
A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro de 2023, quando militantes liderados pelo Hamas invadiram Israel e mataram quase 1.200 pessoas, a maioria civis, e capturaram 251 pessoas.
A campanha de retaliação de
Israel matou mais de 57 mil palestinianos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. As
mulheres e as crianças representam a maioria dos mortos.