Fulla, a versão muçulmana da Barbie, "arrasa" nos países árabes

Fulla, a versão da famosa boneca Barbie nos países árabes, está a alcançar um enorme êxito entre os muçulmanos, que consideram que o brinquedo representa os seus valores sociais e religiosos.

Agência LUSA /

A boneca, com nome de mulher que também é o de uma rosa que apenas se encontra no Médio Oriente, conseguiu nos 18 meses de presença no mercado converter-se no brinquedo mais vendido em todos os países da região.

Ao contrário da famosa Barbie, que nos seus 46 anos de existência passou por múltiplos empregos que vão desde astronauta até à presidência dos Estados Unidos, Fulla representa uma mulher árabe típica, com grandes olhos escuros e cabelo longo e preto, e tem ainda vestidos em função do país de destino.

Para as zonas mais religiosas existe uma Fulla vestida com o tradicional traje árabe preto e com o véu islâmico negro que cobre o cabelo, as orelhas e o pescoço da mulher.

Noutros países com sociedades mais abertas, como a Síria e o Líbano, pode encontrar-se a Fulla com um lenço branco e vestida em tons claros.

Em ambos os casos, Fulla transporta um pequeno tapete de cor rosa, imprescindível para poder rezar e cumprir com as suas obrigações religiosas.

Outra diferença que a separa da sua concorrente de origem norte-americana é que Fulla, seguindo a tradição muçulmana que não aceita relações entre homens e mulheres além das que têm por objectivo o matrimónio, não tem um Ken (companheiro da Barbie) que a acompanhe.

O êxito da boneca é inquestionável, sendo praticamente impossível andar pelas ruas das cidades da Síria, Egipto ou Qatar sem encontrar referências a Fulla, e até já há dezenas de produtos, desde cereais a guloseimas, passando por bicicletas, com o nome da "Barbie" do Médio Oriente.

Apesar de o preço da Fulla, pouco mais de 15 euros, ser elevado para a população síria, as diferentes versões da boneca disponíveis nas lojas voam das estantes.

Até agora existe uma Fulla cantora e uma Fulla em passeio e um armário onde podem colocar outros vestidos que vão aparecendo no mercado.

"A ideia de fazer uma boneca específica para o mundo árabe começou em 1999, quando nos demos conta que a Barbie não reflectia as tradições árabes ou islâmicas", explicou Fawaz Abdin, encarregado da produção de Fulla na empresa "New Boy", acrescentando que tiveram que "produzir mais de um milhão e meio de bonecas só este ano".

Um homem de negócios sírio explicou à agência EFE que o êxito de Fulla se deve à "sensibilidade mostrada pelo produtor sobre as necessidades culturais e religiosas dos pais e das jovens a que se destina".

Mohamed acrescentou que o facto da boneca vestir o véu islâmico "é um ponto muito importante a seu favor" porque "ensina às meninas que o véu é normal na vida de uma mulher".

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