Fundação doa 80 toneladas de arroz, roupa e sapatos em Memba

A Fundação de caridade Tzu Chi Moçambique vai doar 80 toneladas de arroz, 30 mil peças de roupa e nove mil pares de sapatos aos afetados por ataques terroristas em Nampula, no norte do país, anunciou hoje em comunicado.

Lusa /

"A situação das pessoas afetadas por estes episódios nos comoveu e, face ao nosso compromisso com as comunidades moçambicanas, decidimos apoiar. Trata-se de uma resposta específica face a uma emergência", disse Dino Foi, presidente da Tzu Chi Moçambique, citado no comunicado, após um encontro com a presidente do instituto de gestão de desastres moçambicano, em Maputo.

Segundo a fundação de princípios budistas, o apoio é destinado às comunidades de Memba, distrito afetado por ataques rebeldes, e visa ajudar as autoridades a "minimizar o impacto do sofrimento".

"Esta movimentação, de certeza, desestabilizou a vida de diversas famílias e nós, como fundação de caridade, queremos ajudar as autoridades nos esforços para minimizar o impacto do sofrimento destas comunidades", referiu Dino Foi.

Já a presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) agradeceu pela doação, reconhecendo o apoio da fundação às comunidades moçambicanas.

"Nós temos acompanhado a intervenção da Tzu Chi no terreno (...). Estamos muito agradecidos porque, de facto, nós vemos o que vocês estão a fazer pelas comunidades", disse Luísa Meque.

Além do apoio face aos ataques armados, a fundação prevê disponibilizar sementes para apoiar a produção agrícola de 2.700 famílias afetadas por ciclones em Nampula e também cinco máquinas de purificação de água para reforçar a capacidade de resposta do INGD face às inundações.

Pelo menos 12.580 deslocados pelos ataques terroristas do distrito de Memba, província de Nampula, norte de Moçambique, já regressaram às zonas de origem, divulgaram em 12 de dezembro as autoridades locais.

No mais recente relatório da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos, aborda-se a movimentação de elementos do Estado Islâmico Moçambique (EIM) nos distritos de Eráti e Memba, na província de Nampula, relatando que "até 21 de novembro, já haviam realizado 13 ataques contra comunidades civis nos dois distritos e matado pelo menos 21 civis", movendo-se em "pelo menos três grupos".

"A atividade do EIM na província de Nampula atingiu o seu ponto mais alto em novembro, com 16 eventos nas primeiras três semanas do mês e a maior taxa mensal de mortalidade desde o início da insurgência.

Novembro "é o terceiro mês consecutivo em que o EIM tem estado ativo no norte de Nampula, marcando a atividade mais sustentada na província desde o início da insurgência", acrescenta a ACLED.

A organização admite que estas "repetidas incursões" sugerem que o grupo "pode estar a procurar reforçar as ligações existentes na área, possivelmente com vista a reforçar as rotas de abastecimento para recrutas e mercadorias".

A vizinha província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.

De acordo com o relatório da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos, dos 2.270 eventos violentos registados desde outubro de 2017, um total de 2.107 envolveram elementos associados a EIM.

Estes ataques provocaram em pouco mais de oito anos 6.341 mortos, segundo um balanço oficial.

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