Fundação Gulbenkian anuncia apoio a projetos de investigação de saúde em Cabo Verde e Moçambique

A Fundação Calouste Gulbenkian anunciou, esta sexta-feira, as candidaturas vencedoras do projeto +Investigação, destinado aos PALOP. O organismo português vai apoiar cinco projetos de investigação clínica em Cabo Verde e Moçambique, no valor de 900 mil euros.

RTP /
Foto: Kai Pfaffenbach - Reuters

Com um teto máximo de 180 mil euros, números avançados no regulamento de candidatura, cada um dos projetos selecionados "aborda temas prioritários para a saúde pública regional", explica a Fundação em comunicado.

As iniciativas clínicas abrangem as áreas das infeções bacterianas, resistência aos antibióticos, diagnóstico de doenças hematológicas graves e insuficiência cardíaca precoce e recebem este apoio para os próximos três anos, no sentido de “reforçar a qualidade e a equidade na prestação de cuidados de saúde”.

Dos 12 projetos pré-selecionados – em Moçambique, Cabo Verde e Angola – apenas cinco chegaram à fase final, escolhidos por um júri independente no âmbito do concurso + Investigação - Apoio a Projetos de Investigação em Saúde para Investigadores Seniores dos PALOP.

Em Cabo Verde, o Prepara-MCV, liderado pela investigadora Isabel Araújo, procura melhorar as práticas de prescrição de antibióticos em pediatria através de testes rápidos e vigilância molecular, com o objetivo de melhorar a qualidade dos cuidados pediátricos.

Pamela Borges, do Hospital Agostinho Neto, procura implementar uma plataforma integrada de diagnóstico hematológico com testes moleculares e técnicas inovadoras para leucemias e linfomas, reduzindo os tempos de resposta e permitindo terapias direcionadas.

Moçambique era o país que tinha mais projetos pré-selecionados (sete), anunciados na primeira fase da publicação de resultados, mas apenas três se preparam agora para receber financiamento português.

Celso Khosa, do Instituto Nacional de Saúde, aposta no diagnóstico rápido da tuberculose resistente, permitindo iniciar mais rapidamente os tratamentos e reduzir a transmissão da doença.

Na Fundação Manhiça, em Maputo, Tacilta Nhampossa procura caracterizar o microbioma vaginal em mulheres moçambicanas, para avaliar a ligação com a vaginose bacteriana, infeções sexualmente transmissíveis e parto prematuro e melhorar a saúde materno-infantil.

O terceiro projeto contemplado, liderado por Albertino Damasceno, propõe o uso da ecocardiografia assistida por inteligência artificial em cuidados primários, para o diagnóstico da insuficiência cardíaca, na Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane.

O concurso dirigido a Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe encerrou a 16 de junho e teve duas etapas de admissão. Foram pré-selecionados 12 investigadores, apoiados numa primeira fase com uma bolsa de até dois meses, de 850 euros por mês.

A Fundação Calouste Gulbenkian tem reforçado a sua missão de “reconhecer a relevância crescente da investigação nos PALOP”, em resposta aos desafios de saúde nestas regiões, como se pode ler no site oficial da instituição.

Com esta iniciativa, a Fundação pretende contribuir para a melhoria da prestação de cuidados de saúde nos PALOP, através do reforço do conhecimento científico nas instituições.
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