Furacão Gustavo condiciona Convenção do Partido Republicano

A aproximação do furacão Gustavo ao Sul dos Estados Unidos forçou o Partido Republicano a alterar o programa da Convenção de Saint Paul-Minneapolis, que vai confirmar a nomeação de John McCain como candidato às eleições presidenciais. O senador do Arizona decidiu retirar o conteúdo político da agenda da reunião magna.

Carlos Santos Neves, RTP /
John McCain falou ontem à imprensa via satélite a partir de Jackson, no Mississippi Tannen Maury, EPA

Os delegados do GOP (Grand Old Party) reúnem-se durante quatro dias em Saint Paul-Minneapolis para oficializar as nomeações de John McCain e da sua candidata à vice-presidência, a governadora do Alasca Sarah Palin. Contudo, em contraste com a pompa e a carga política que marcaram a Convenção do Partido Democrático em Denver, a agenda da reunião magna dos republicanos aparece despida de discursos e limitada ao mínimo indispensável.

A candidatura de McCain quer agora enfatizar ainda mais o tema escolhido para a Convenção Nacional Republicana no Xcel Energy Center: “O país primeiro”.

“Isto é esmagador. Esperemos que não venha a ser tão severo. Este é um daqueles momentos na História em que temos de pôr a América em primeiro lugar”, disse John McCain em declarações à cadeia norte-americana NBC.

O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos chegou a ponderar o adiamento da Convenção, com início marcado para esta segunda-feira, mas acabou por decidir apagar antecipadamente todos os tons de celebração. A expectativa de um cenário de devastação, à passagem do furacão Gustavo por território norte-americano, obrigou McCain e o Comité Nacional Republicano a evitarem manifestações de pendor político que pudessem ser lidas como inoportunas.

Um dos sinais mais significativos do pudor que reina em Saint Paul-Minneapolis é para já o cancelamento das aparições do Presidente George W. Bush e do vice-presidente Dick Cheney no primeiro dia da Convenção. Ambos rumaram ao centro de crise instalado no Texas, um dos quatro Estados norte-americanos que declararam o estado de emergência.

A Casa Branca fez entretanto saber que o Presidente norte-americano poderá dirigir-se aos delegados republicanos no final da semana.

McCain demarca-se da memória do furacão Katrina

Na véspera do arranque da Convenção Nacional Republicana, John McCain visitou um centro de crise em Jackson, no Mississippi, onde foi informado dos preparativos em curso para fazer face aos efeitos do Gustavo.

O senador do Arizona procurou desde logo afastar-se do legado do furacão Katrina, que há três anos devastou a cidade de Nova Orleães. As deficiências e o atraso da resposta das autoridades à destruição deixada pelo Katrina motivaram inúmeras críticas à Administração Bush.

“Tenho a expectativa de que os erros do Katrina não sejam repetidos”, afirmou ontem John McCain.

Confrontada com as críticas do candidato republicano aos erros cometidos há três anos, a primeira-dama dos Estados Unidos reconheceu que “houve muitos erros que aconteceram a vários níveis”. “Certamente que aprendemos com esses erros”, disse Laura Bush à estação televisiva CBS.

Discurso via satélite

Em declarações à NBC News, McCain não excluiu a possibilidade de fazer o seu discurso de aceitação via satélite, a partir da costa do Golfo do México.

O discurso de aceitação está marcado para quinta-feira. Até lá, os organizadores da Convenção vão reservar parte da agenda ao acompanhamento dos efeitos do furacão Gustavo.

A campanha de John McCain já fretou um avião para fazer regressar a casa os delegados de Estados da Costa do Golfo.

À semelhança da candidatura republicana, também o campo democrata tenta evitar a queda na armadilha do oportunismo político.

Barack Obama adiantou que não tenciona deslocar-se, por ora, aos locais de passagem do furacão Gustavo. O candidato do Partido Democrático disse querer limitar, dessa forma, a pressão sobre os serviços de emergência. Obama prometeu, contudo, contribuir para os esforços das autoridades nas regiões afectadas.
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