O primeiro-ministro israelita foi acusado pelo seu parceiro de coligação e ministro da Defesa de causar o risco de uma guerra civil, ao fazer pairar sobre o país o espectro de novas eleições. O receio de uma crise política tem vindo a agravar-se devido ao desacordo entre ambos sobre a aprovação do Orçamento de Estado.
As atitudes que Benjamin Netanyahu e o seu ministro da Defesa, Benny Gantz, fizeram chegar à imprensa sobre a discussão orçamental dentro do Governo não podiam ser mais díspares: Gantz fez saber que o seu partido, Kahol Lavan, dera ao primeiro-ministro um ultimato, com um prazo de 24 horas, para aprovar uma lei que permitisse adiar o orçamento. Netanyahu respondeu-lhe secamente, segundo citação do diário Haaretz: "Não precisamos de 24 horas nem de minutos. Temos um orçamento para um ano já preparado".
De um lado e do outro, cruzam-se entre os dois parceiros de coligação as acusações de arrastar o país para novas eleições, devido ao impasse em torno do orçamento. Gantz declarou num comício do seu partido: "Os cidadãos de Israel estão fartos de truques políticos de que eles - e só eles - pagam o preço". Gantz quer um orçamento bienal, tal como estipula o acordo de coligação assinado com Netanyahu.
Gantz disse também que pedira a Netanyahu para cumprir a promessa que fizera "de discutir e aprovar o Orçamento de Estado dentro de 100 dias a partir de hoje ... Podemos completar o processo em 24 horas: o Governo aprovaria um decreto do Governo hoje à noite para corrigir o prazo para apresentar o orçamento, o Knesset [parlamento israelita] votá-lo-ia e dentro de 24 horas, sem truques sujos, a lei seria aprovada numa segunda e terceira votação".
Na verdade, Netanyahu pretende um orçamento de um ano apenas para poder abrir uma crise política em junho do próximo ano, em caso de não aprovação do orçamento para o ano seguinte. Neste cenário, ficaria sem efeito o compromisso de coligação segundo o qual, rotativamente, Gantz deverá assumir a chefia do Governo, substituindo Netanyahu, em outubro de 2021. Netanyahu teria então a inestimável vantagem de poder organizar novas eleições à cabeça de um governo de gestão.
Neste contexto, o ministro da Defesa acusou Netanyahu de arrastar Israel para a
beira de uma guerra civil, ao especular com a abertura de uma crise
política e com a realização de um novo acto eleitoral - que seria o quarto no lapso de 19 meses.