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Geração Z. Confrontos anti-governamentais em Marrocos causam três mortos
Pelo menos três pessoas foram mortas pela polícia em Marrocos, durante os protestos do movimento Geração Z 212. As manifestações entram no sexto dia consecutivo e exigem reformas na gestão dos serviços públicos e o fim da corrupção do executivo.
As autoridades no Marrocos estão a braços com uma agitação social que se estende por todo o país, liderada por um novo movimento - a GenZ212 - que protesta contra os serviços públicos deficientes e alegada corrupção do Governo.
As manifestações em várias cidades marroquinas durante esta semana levaram a pelo menos três mortes, centenas de prisões e vários ferimentos causados por confrontos entre policia e manifestantes.
As manifestações em várias cidades marroquinas durante esta semana levaram a pelo menos três mortes, centenas de prisões e vários ferimentos causados por confrontos entre policia e manifestantes.
Num comunicado, o primeiro-ministro marroquino, Aziz Akhannouch elogiou a ação das forças de segurança para controlar os manifestantes da Geração Z 212.
Akhannouch reportou ainda que o número de mortos resultantes da violência dos protestos subiu para três.
A agência de notícias estatal de Marrocos, a MAP, citou as autoridades locais relatando que dois “desordeiros” foram mortos pela polícia quando esta estava a agir em legítima defesa.
As mortes em Leqliaa, a cerca de 500 quilómetros ao sul da capital de Rabat, foram as primeiras vítimas nos protestos da Geração Z 212.
Ao entrar no sexto dia consecutivo, a contestação e violência continua a alastrar a todo o país do norte da África, desde Rabat a Marrakesh.
Protests in Morocco are set to take place for a sixth day, after two protesters were killed by gendarmes as they allegedly attempted to "storm" a police base.
— Middle East Eye (@MiddleEastEye) October 2, 2025
Called to action by a group named GenZ 212, protesters are demanding public service reforms and an end to corruption pic.twitter.com/2rPehhBRt8
Sem aparente liderança, a Geração Z 212 afirma-se como um movimento de jovens que dominam o uso da internet. O movimento Gen Z 212 foi criado depois de oito mulheres grávidas terem morrido num hospital em Agadir, em agosto, revelando deficiências no sistema de saúde.
Este movimento aponta o dedo ao executivo marroquino, exigindo reformas dos serviços públicos e denuncia a corrupção instalada e os gastos do Governo, argumentando que o grupo “se tornou a voz de uma geração que se sente esquecida por seus líderes”.
Nas descrições da publicação britânica Independent, os “protestos da Geração Z” são acompanhados por de cânticos e cartazes, onde chamam a atenção para "o fluxo de milhões de euros aplicados em investimentos para a preparação para o Mundial de Futebol de 2030 da FIFA (que envolve também Portugal e Espanha), enquanto muitas escolas e hospitais carecem de fundos e permanecem num estado terrível".
Nas descrições da publicação britânica Independent, os “protestos da Geração Z” são acompanhados por de cânticos e cartazes, onde chamam a atenção para "o fluxo de milhões de euros aplicados em investimentos para a preparação para o Mundial de Futebol de 2030 da FIFA (que envolve também Portugal e Espanha), enquanto muitas escolas e hospitais carecem de fundos e permanecem num estado terrível".
Estes jovens dizem ver este evento desportivo como um desperdício de dinheiro público.Estes protestos surpreenderam o país quando emergiram nas ruas das cidades marroquinas, apesar da falta de permissão das autoridades para se manifestarem.
A violência eclodiu em várias cidades na noite desta quarta-feira, após vários dias de detenções em massa em mais de uma dúzia de cidades, particularmente em lugares onde os empregos são escassos e os serviços sociais carentes.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, em Sale, centenas de jovens de rosto tapado invadiram ruas, danificaram e saquearam carros, bancos, lojas, partiram janelas e a polícia não foi vista.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, em Sale, centenas de jovens de rosto tapado invadiram ruas, danificaram e saquearam carros, bancos, lojas, partiram janelas e a polícia não foi vista.
A cidade de Sale ficou marcada veículos em chamas durante os protesto liderado por jovens que exigem reformas na saúde e educação | Jalal Morchidi - EPA
Nas cidades e vilas no leste e no sul do país, incluindo Inzegane e Ait Amira, foram registados diversos incidentes com os manifestantes a atirarem pedras e a incendiarem veículos.
O Ministério do Interior do Marrocos afirmou que as manifestações organizadas anonimamente não estavem autorizadas, logo estavam a violar a lei. Por isso, a quem participou nos protestos foi-lhe aplicado "o rigor da lei e tratado com firmeza”.
Citado pelo Irish Times, um site de notícias pró-governo referiu que “alguns desses protestos viram uma escalada perigosa, tendo ameaçado a segurança e a ordem pública depois que os protestos se transformaram em multidões violentas em que um grupo de pessoas usou facas, coquetéis molotov e arremessou pedras”.
As autoridades declararam que 409 pessoas foram detidas.
Acrescentaram ainda que 263 elementos da força da ordem ficaram feridos durante os protestos.
Acrescentaram ainda que 263 elementos da força da ordem ficaram feridos durante os protestos.
No último balanço, por todo o país foram danificados 142 veículos das autoridades. Pelo menos, vinte carros particulares também foram atingidos e 23 civis ficaram feridos, indicou o ministério.