Google rasga metas de diversidade, equidade e inclusão para se adaptar a Trump

por Carla Quirino - RTP
Ilustração Dado Ruvic - Reuters

A Google anunciou esta semana que não vai continuar a contratar funcionários à luz das metas de diversidade, equidade e inclusão, para se aproximar das políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A gigante tecnológica norte-americana Alphabet junta-se assim à Meta e à Amazon, que também cortaram nas iniciativas dirigidas a grupos historicamente sub-representados.

O Google é a mais recente empresa a engrossar o rol das gigantes norte-americanas que dizem estar a reduzir as iniciativas de contratar funcionários baseadas nas metas de diversidade, equidade e inclusão – DEI.

Em 2020, após o homicídio vários cidadãos negros, nomeadamente George Floyd, levado a cabo por polícias, e a força do movimento Black Lives Matter, surgiram políticas que pressionaram a inclusão dos valores DEI nas regras da contratação de trabalhadores.

No início deste mês, Elon Musk e outros aliados do atual presidente norte-americano atribuíram aos programas do DEI uma quota-parte de culpas nas falhas no combate aos grandes incêndios em Los Angeles, alegando a existência de impedimentos nos mecanismos de resposta.

Entretanto, Trump deixou claro que deseja erradicar a iniciativa diversidade, equidade e inclusão das corporações e do serviço público federal. Instruiu, inclusivamente, as agências governamentais que investigassem e identificassem empresas e outras organizações a aplicar práticas "ilegais de DEI".

Desta forma, diversas gigantes norte-americanas, nomeadamente sediadas no Estado da Califórnia, em Silicon Valley - vistas até agora como um bastião de ideais liberais -, apressaram-se a anunciar que já estavam a rever os programas DEI para se protegerem contra possíveis ilegalidades definidas pela Administração Trump.
Passo atrás nos valores
Perante tal reviravolta, a Google emitiu um comunicado, na quarta-feira, em que afirma: “Estamos comprometidos em criar um local de trabalho onde todos os nossos funcionários possam ter sucesso e ter oportunidades iguais e, no último ano, temos revisto os nossos programas projetados para ajudar a concretizar esses objetivos”.

E continua: “Atualizámos a nossa linguagem para refletir essas alterações e, como contratante federal, as nossas equipas também estão a avaliar as mudanças necessárias após as recentes decisões judiciais e ordens executivas sobre esse tópico”.

A chefe dos Recursos Humanos da Google, Fiona Cicconi, acrescentou num memorando publicado pela Verge que “em 2020 estabelecemos metas (DEI) de contratação e nos concentramos no crescimento dos nossos escritórios fora da Califórnia e Nova Iorque para melhorar a representação (diversificada). No futuro, não teremos mais ambição por essa meta”.

Os valores DEI também foram descartados pela Meta Platforms, detentora do Facebook. Declara mesmo que está a encerrar os programas DEI em áreas de contratação, formação e escolha de fornecedores.

Por sua vez, a Amazon enviou um documento aos trabalhadores a declarar que estava a “reprimir programas e iniciativas considerados desatualizados”, relacionados com a representação e inclusão.

A multinacional Walmart também fez saber que recuou nas práticas DEI.

De acordo com a Bloomberg, no início desta semana, a Google retirou um filtro do seus princípios-base de Inteligência Artificial que visava evitar o uso desta tecnologia em aplicações potencialmente prejudiciais, como armas.

Também na quarta-feira a mesma publicação relatou que o tesoureiro de Oklahoma, Todd Russ, terá como alvo a Amazon, Alphabet, Netflix, Lululemon, GoDaddy e Yum! . Estas marcas devem adotar “neutralidade política” e terão sido instadas a abandonar as doações a organizações como a Campanha de Direitos Humanos, ou Igualdade de tratamento para grupos de funcionários religiosos.
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