Gordon Brown disposto a "levar rapidamente" novo Tratado da UE ao Parlamento britânico
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, afirmou em Berlim que o seu governo "está disposto a levar rapidamente à aprovação do Parlamento" o novo Tratado Europeu a elaborar sob a presidência portuguesa da UE.
A única condição é que a Conferência Intergovernamental (CIG) que Lisboa pretende convocar já a 23 de Julho, numa reunião informal de ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 países membros, "transporte para um texto de acordo concreto" os acordos feitos a 22 de Junho no Conselho Europeu, disse Brown, antes de um jantar de trabalho com a chanceler alemã Angela Merkel.
A chefe do governo alemão sublinhou o seu interesse em prosseguir as "estreitas relações" entre os dois países que já existiam no tempo do anterior primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair.
Na opinião do chefe do Partido Trabalhista britânico, a cooperação entre Berlim e Londres deve também ser intensificada no domínio do combate ao terrorismo.
Além disso, os dois políticos sinalizaram a existência de posições comuns no combate às alterações climáticas, e na ajuda ao continente africano.
Em resposta a uma pergunta sobre a situação no Zimbabué, Brown manifestou as "grandes preocupações" do governo britânico no que se refere às violações dos direitos humanos sob o regime do presidente Robert Mugabe, exortando a "mudar rapidamente a sua actuação" e a pôr fim a um "terrível período que conduziu à fome e à pobreza" a população daquele país.
Brown não fez todavia alusão a notícias publicadas na imprensa britânica sobre a eventualidade de não participar na segunda Cimeira UE-África, agendada para Dezembro pela presidência portuguesa da UE, para não ter de se cruzar com o presidente do Zimbabué.
Lisboa já comunicou oficialmente que Mugabe será convidado, para não pôr em risco a possibilidade de uma parceira estratégica com o continente africano, depois de um hiato de sete anos deste a realização da primeira cimeira UE-África, em 2000, na última presidência portuguesa da UE.
O novo primeiro-ministro britânico justificou, por outro lado, a decisão de Londres de expulsar quatro diplomatas russos, considerando que "as autoridades russas deviam ter cooperado".
"Lamentamos que não tenha havido cooperação", acrescentou, afirmando que decidiram expulsar os diplomatas depois da recusa de Moscovo de extraditar o principal suspeito da morte de Alexandre Litvinenko, antigo espião russo que morreu envenenado em Londres em Novembro passado.
"Pretendemos ter a melhor relação possível com a Rússia", afirmou Brown, manifestando o desejo de que este caso "seja resolvido brevemente", embora insistindo que não há desculpas porque tratou-se de "uma morte cometida em território britânico".