Governador admite eventual morte de inocentes em São Paulo

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, admitiu a eventual morte de inocentes pela polícia durante a onda de violência que decorreu na semana passada.

Agência LUSA /

"Eu espero que não tenha inocentes mortos, mas num momento tão difícil para a polícia, com os confrontos que aconteceram, eventualmente pode acontecer que tenha algum inocente", disse, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.

Uma onda de violência registada na semana passada em resposta à transferência de 765 presos para uma prisão de segurança máxima, incluindo alguns dos líderes do grupo criminoso Primeiro Comando da Capital, provocou 172 mortos no Estado de São Paulo, entre polícias, suspeitos e civis.

Cláudio Lembo respondeu às críticas que o governo está a receber pela demora na divulgação da lista com os nomes dos suspeitos mortos pela polícia, na semana passada.

O Ministério Público de São Paulo, a Ordem dos Advogados do Brasil e grupos de defesa dos direitos humanos já exigiram publicamente das autoridades a divulgação imediata desta lista.

"Não vamos esconder nada, mas não vamos divulgar uma grande lista dizendo `esses são bandidos`. E os filhos deles? E as mães", referiu o governador.

Cláudio Lembo reforçou que a demora na divulgação da lista com os nomes dos suspeitos mortos tem o objectivo de "preservar os direitos humanos das famílias".

"Cada morto terá seu inquérito policial específico, o seu registo de óbito no cartório civil, não é preciso que a cidadania saiba o nome dos mortos em lista", disse.

O que aconteceu "não foi guerra. Foi um momento social trágico. Portanto, não vamos lançar sal na casa das famílias das vítimas. Não vamos torná-los degredados", sublinhou.

O governador salientou ainda que os inquéritos policiais estarão à disposição da imprensa, do Ministério Público, do Poder Judicial e de grupos de defesa dos direitos humanos.

Cláudio Lembo voltou a negar que tenha havido uma negociação entre as autoridades e os líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) para pôr fim à onda de violência, que resultou em 83 motins em prisões paulistas.

"Negociação não, porque essa palavra tem dupla conotação neste caso em que há o episódio da crise em si e o que havia antes dela. São Paulo nunca negociou com o crime", afirmou.

A lista total das vítimas mortais ainda não divulgada inclui 109 suspeitos, que estão a ser identificados por peritos do Instituto Médico Legal (IML).

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