Adis Abeba, 22 out (Lusa) -- O Governo etíope anunciou hoje a assinatura de um acordo de paz com um grupo de rebeldes separatistas no sudeste do país, terminando oficialmente com mais de três décadas de insurgência na região somali da Etiópia.
Fundada em 1984, a Frente Nacional de Libertação de Ogaden (ONLF) pediu mais autonomia e até mesmo a separação para a região da Etiópia povoada principalmente por membros do grupo étnico somali.
O acordo foi assinado no domingo à noite na capital da Eritreia, Asmara, onde o ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, Workneh Gebeyehu, e o vice-presidente regional da Somália, Mustafa Omer, se reuniram com representantes do ONLF.
"As delegações do Governo etíope e do ONLF tiveram discussões produtivas e concluíram um acordo histórico que permite ao ONLF liderar uma luta política pacífica na Etiópia", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, em comunicado.
Desde que assumiu o cargo em abril, o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, libertou prisioneiros políticos, começou a abrir espaço democrático e tentou reconciliar o poder central com vários grupos de oposição.
Em agosto, o parlamento etíope retirou três grupos armados, incluindo o ONLF, da lista de organizações consideradas "terroristas" pelo país, levando o grupo a declarar um cessar-fogo.
Abiy também selou a paz com a vizinha Eritreia, após 20 anos de estado de guerra, o que o tornou um mediador entre o Governo etíope e a ONLF, enquanto que Asmara foi antes disso o principal apoio desta organização separatista.
Em abril de 2007, o ONLF atacou um local de petróleo no leste do país, tendo provocado a morte de 65 etíopes e nove chineses.
O Governo da Etiópia respondeu com uma vasta ofensiva do exército, acusado por organizações de direitos humanos de cometer abusos como tortura e violações.
