Governo de Cabo Verde decreta luto nacional no dia do funeral de Bacai Sanhá

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Cidade da Praia, 10 jan (Lusa) - O Governo de Cabo Verde decretou hoje que, no dia das exéquias fúnebres do Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, falecido na segunda-feira em Paris, o arquipélago observe 24 horas de luto nacional.

O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, confirmou a presença de uma delegação de Cabo Verde, ainda por definir, no funeral do estadista guineense, ainda sem data marcada, aguardando-se a trasladação do corpo de Paris para Bissau.

José Maria Neves, numa mensagem ao seu homólogo guineense, Carlos Gomes Júnior, realçou as qualidades de Bacai Sanhá, "combatente pelas liberdades das pátrias guineense e cabo-verdiana", destacando o papel "incontornável" na construção de um país "mais justo".

Quanto à estabilidade do país, José Maria Neves garantiu que os sinais são positivos, mas exigem uma maior articulação entre as diferentes instituições e "um forte compromisso" de todas as entidades, inclusive as militares, na estabilidade, paz e submissão das Forças Armadas ao Governo civil.

"Estamos em contacto com a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) para que possamos apoiar permanentemente o Governo da Guiné-Bissau no sentido de se continuar num ambiente de paz", acrescentou.

José Maria Neves, lembrou que, constitucionalmente, cabe ao presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) guineense assumir interinamente a chefia de Estado, afirmando esperar que as eleições para a sucessão de Bacai Sanhá decorram dentro dos prazos previstos na lei (60 dias).

Um dia depois da morte de Bacai Sanhá, aos 64 anos, as reações em Cabo Verde continuam, com o presidente em exercício do Parlamento, Júlio Correia, na ausência de Basílio Ramos, a destacar a "dedicação" do Presidente guineense à população do país.

"Malam Bacai Sanhá soube servir a causa da libertação da Guiné e de Cabo Verde, foi um amante do combate político, dedicou a vida ao serviço do povo, ocupou as mais elevadas funções e lutou de forma incansável pela paz e pelos valores da democracia", escreveu Júlio Correia.

"Será por todos lembrado pelo papel ativo na defesa do diálogo e da moderação, na promoção da reconciliação. Durante o mandato de Presidente da República, foi o garante da paz e da estabilidade política", acrescentou.

Para Júlio Correia, é "reconfortante depositar esperança" na ideia de que a classe política guineense "saberá inspirar-se na exemplaridade" de Bacai Sanhá, que se traduz no humanismo e na integridade moral, e que o período doloroso será ultrapassado com "sentido de responsabilidade".

Também o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder desde 2001), através do secretário-geral Armindo Maurício, lamentou a morte de Bacai Sanhá e exortou os guineenses a transformarem "as fraquezas em forças" e a continuarem a trabalhar em prol da paz e da estabilidade.

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