Governo espanhol quer mais restrições na Comunidade de Madrid e em grandes cidades

por RTP
Nacho Doce - Reuters

O Ministério espanhol da Saúde prepara-se para propor ao Conselho Interterritorial medidas para limitar a mobilidade e horários em todas as cidades do país com mais de 100 mil habitantes onde exista alta incidência da pandemia. A Comunidade de Madrid chegou a acordo com o Ministério e poderá estender as restrições a toda a região, para além das 45 áreas onde já foi imposto o confinamento.

Madrid voltou a ter as piores taxas de incidência do país e até da Europa e, por isso, impôs o confinamento parcial em 45 zonas sanitárias. Mas, com o contínuo aumento das infeções, o Governo recomenda um alargamento destas medidas.

As restrições sanitárias em parte da região de Madrid entraram em vigor no início desta semana e afetam cerca de um milhão de pessoas. A circulação nestas zonas está condicionada e os residentes só podem sair se apresentarem justificações consideradas aceitáveis e por motivos de saúde ou trabalho.

Mas a imposição destas medidas tem gerado controvérsia: o Governo tem vindo a recomendar que as restrições sejam alargadas a 200 das 286 zonas sanitárias da Comunidade de Madrid; a líder regional, Isabel Díaz Ayuso, tem recusado, até agora, aumentar a área condicionada alegando razões económicas.

Na terça-feira o Ministério espanhol da Saúde anunciou que chegou a acordo com o governo local de Isabel Díaz Ayuso, que se comprometeu a estender as medidas restritivas a todas as áreas sanitárias que ultrapassem os 500 casos por 100 mil habitantes. Ou seja, as limitações de mobilidades e circulação vão se alargar à capital e a outras zonas da região.

A entrar em vigor, isso significa que será imposto o confinamento a Madrid e a outras nove cidades da região.

"Mas ainda há muito a negociar"
, afirmam fontes que estiveram presentes no encontro, citadas pelo diário El País.

As restrições serão aplicadas imediatamente aos municípios com incidência cumulativa de mais de 500 casos de infeção por 100 mil habitantes num período de 14 dias, positividade superior a dez por cento nos testes PCR e com índice de ocupação acima de 35 por cento nas unidades de cuidados intensivos (UCI) a nível regional.

A Comunidade de Madrid, por sua vez, pediu que Ministério da Saúde estendesse estes critérios, aplicados a Madrid, em toda a Espanha e que, a partir de agora, qualquer cidade fosse confinada se tivesse os mesmos indicadores da capital.

O Ministério, no entanto, afirmou que não se podia comparar comunidades com cidades e por isso não se podia impor critérios comuns a todo o país, sendo mais aconselhável permitir que a imposição de restrições fosse uma decisão de cada região. Segundo fontes associadas à reunião citadas pela agência Efe, serão as comunidades autónomas a decidir sobre as eventuais restrições "levando em consideração os regulamentos e protocolos ao nível estatal".

Contudo, o ministro da saúde, Salvador Illa, manifestou-se satisfeito com o acordo alcançado com a comunidade de Madrid, que se estenderá ao resto das comunidades, embora tenha alertado que teria sido necessário agir "muito mais cedo" e com números de incidências "muito mais baixos".

A aplicação "efetiva dos critérios" na comunidade de Madrid, todavia, ainda depende da sua aprovação na reunião do Conselho Interterritorial do Sistema Nacional de Saúde espanhol, esta quarta-feira.

O Governo central e o executivo regional têm estado num braço de ferro sobre as medidas a implementar na capital espanhola. Mas as autoridades regionais têm competência exclusiva em matéria de saúde e o Governo central não tem o poder de lhes determinar as suas decisões em matéria de saúde.

Até agora, a Comunidade de Madrid tem 45 zonas limitadas com restrições de saúde pública - quase 15 por cento dos habitantes da região de Madrid, que conta 6,6 milhões de pessoas - e ainda não é certo se se vai estender a toda a região, mas os números não parecem facilitar a decisão. Na terça-feira, a região autónoma de Madrid voltou a ser a mais afetada, registando 2917 novos casos de Covid-19 e pelo menos 478 doentes internados em unidades de cuidados intensivos.
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