Governo guineense declara epidemia de carbúnculo em Oio, Bissau sem casos
O governo guineense declarou hoje que a região de Oio, centro-norte da Guiné-Bissau, está a braços com um surto epidémico de carbúnculo e apelou à população para que evite o consumo de carne bovina e suína.
Em declarações à Agência Lusa, a ministra da Saúde guineense, Odete Semedo, informou que, desde o início do ano, apenas na região de Oio, foram já oficialmente detectadas 79 pessoas contaminadas com carbúnculo, de que resultaram três óbitos, não havendo casos registados em Bissau.
Segundo a ministra, o surto pode ser já considerado epidémico e do foro da saúde pública, pelo que o governo está a tomar as medidas possíveis para, numa primeira fase, controlar a epidemia e, numa segunda, debelá-la.
Num despacho, o Ministério da Saúde guineense fez saber que foram feitos exames laboratoriais a alguns pacientes no Hospital de Mansoa, a 60 quilómetros a norte de Bissau, tendo-se conseguido isolar o "bacilo antracis", causador da doença conhecida por "carbúnculo hemático".
"O carbúnculo, ou «anthrax», é uma doença que surge nos animais e e que afecta acidentalmente o homem. A sua forma natural de contaminação é feita a partir de animais infectados, pela sua pele, lã ou pêlos contendo esporos que penetram através da pele ou por inalação ou ainda pela ingestão de carne contaminada", lê-se no documento.
Odete Semedo apelou à colaboração de todos os parceiros da sociedade civil e da comunidade internacional para ajudarem na prevenção e controlo da epidemia, que poderá alastrar a Bissau, sobretudo através do consumo de carne contaminada oriunda daquela região, uma das principais criadoras de gado.
A ministra pediu também que a população, antes de comprar carne bovina ou suína, verifique se o produto já foi alvo de controlo sanitário, e que os habitantes de Oio evitem o transporte de carne para qualquer outra região do país.
Terça-feira, o director dos Serviços de Higiene e Epidemiologia do Ministério da Saúde guineense, Chunhaté Na Bangna, afirmou que os casos registados em Oio poderão alastrar a Bissau, principal centro urbano do país, devido ao facto de alguns comerciantes estarem a vender carne proveniente daquela região.
"Ainda não foi detectado qualquer caso em Bissau. No entanto, da forma como as pessoas estão a proceder, vendendo carne que não se sabe se está ou não contaminada, não se pode excluir a hipótese de a doença alastrar", advertiu.
Segundo Na Bangna, uma das razões que podem estar por detrás da doença é a falta de vacinação dos animais, normalmente assegurada pelo Ministério da Agricultura, mas que há mais de seis meses não é feita devido à falta de meios.
Em Dezembro de 2003, frisou Na Bangna, os criadores de gado de Oio e de outras regiões do leste e sul do país alertaram para a inexistência de vacinas, lembrando que eram obrigados a deslocar-se ou ao Senegal ou à Guiné-Conacri para as adquirir.
Os custos eram agravados, acrescentou, pela necessidade de recorrer a um veterinário para vacinar os animais.