Governo moçambicano corta previsões de crescimento de 2025 e 2026
O Governo moçambicano reviu em baixa, para quase metade, a previsão de crescimento económico em 2025, para 1,9%, cortando também na estimativa para 2026, que aponta agora para um aumento de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
De acordo com as previsões atualizadas apresentadas hoje, em Maputo, na conferência económica do banco Millennium BIM, pelo ministro da Planificação e Desenvolvimento de Moçambique, Salim Valá, no quarto trimestre de 2024 o país registou uma contração económica de 5,7%, em pleno período de contestação pós-eleitoral.
Somou-se, no primeiro semestre de 2025, uma contração de 2,4%, "estimando-se que no terceiro e quatro trimestres de 2025 o PIB recupere em cerca de 2,1% e 3,4%", disse.
A previsão é que "até o final do ano o PIB atinja 1,6%, contra 2,9% previsto no PESOE" (Plano Económico e Social e Orçamento do Estado) de 2025. "Para 2026, a projeção inicial de crescimento do PIB fixada em 3,2%, poderá ser revista em baixa, ficando na banda de 2,8%, isto é, maior que a taxa de crescimento projetada para 2025", apontou Valá.
Na mesma intervenção recordou que entre 2021 e 2024, o país teve um crescimento médio do PIB de 2,63%, depois de entre 2016 e 2020 ter sido de 2,38%, e de 2000 a 2015 ter sido de 7,43%.
"O crescimento económico de Moçambique tem sido impulsionado pela agricultura, pelos serviços, pelo comércio, pela energia, por alguns projetos de mineração e hidrocarbonetos e por um processo gradual de recuperação pós-pandemia. Este nível de crescimento é positivo, mas ainda está longe de ser o que desejamos em termos de impacto sobre a pobreza, o emprego e o bem-estar das famílias", sublinhou.
O ministro acrescentou, ainda assim, que em "termos macroeconómicos, há sinais encorajadores", como na inflação, "que chegou a níveis elevados no período pós-pandemia", estando "a recuar", para os 4,8%, de outubro, em termos homólogos.
"O metical revelou relativa resiliência quando comparado com outras moedas, as reservas internacionais têm sido geridas com prudência e o país tem procurado reforçar a disciplina fiscal, num contexto em que o espaço orçamental é limitado e as necessidades sociais são grandes", elencou.
O ministro acrescentou que a balança comercial de Moçambique "continua fortemente marcada pelas exportações de carvão, alumínio, gás, energia, grafite e alguns produtos agrícolas".
"Continuamos demasiado dependentes de matérias-primas, mas começam a surgir sinais de diversificação, ainda tímidos, na agroindústria, serviços logísticos e iniciativas ligadas à economia azul".
Ao mesmo tempo, sublinhou, o país enfrenta "vulnerabilidades significativas", como a exposição "a choques climáticos", de ciclones a cheias e secas, "que, em pouco mais de duas décadas, já causaram perdas superiores a vários milhares de milhões de dólares".
"Temos infraestruturas ainda insuficientes em matéria de estradas, energia rural, logística e armazenamento. E somos sensíveis às oscilações dos preços internacionais de combustíveis, fertilizantes e alimentos", reconheceu.
Valá disse que "além da economia enfrentar desafios relacionados com o endividamento, pressões fiscais e reduzida oferta de moeda externa, há ainda uma vulnerabilidade estrutural que não aparece apenas nas contas nacionais, mas em cada comunidade: a combinação de baixa produtividade, elevado nível de informalidade e desigualdades territoriais".