Mundo
Governo sírio demite-se e Assad anuncia fim das leis de Emergência
O Presidente sírio Bashar Assad deverá dirigir-se à nação esta terça-feira, dia em que aceitou a demissão do Governo. Na comunicação deverá anunciar o levantamento das leis de emergência em vigor após semanas de forte contestação popular.
A demissão do governo surge como uma tentativa de aplacar os ânimos de contestação que durante as últimas semanas percorreram as cidades sírias exigindo nas ruas alterações ao regime e que não deixam de ameaçar o próprio presidente Assad, que dirige o país há onze anos.
Membro de uma família que controla a Síria há quatro décadas e líder do regime considerado mais autoritário e fechado do Médio Oriente, Bashar Assad vê agora a sua liderança contestada nas ruas pelo que tenta convencer as multidões anunciando uma série de concessões.
Aumenta a expectativa na Síria de que Assad se possa dirijir à nação nas próximas 24 horas e possa eventualmente anunciar o fim as leis de emergência que vigoram desde o longínquo ano de 1963 bem como o fim de outras restrições impostas às liberdades civis e políticas do povo sírio.
Foi a televisão estatal que anunciou esta terça-feira que o presidente aceitara a resignação dos 32 membros do gabinete liderado por Naji al-Otari, que tomou posse no dia 23 de setembro do ano passado, mantedo-se este em funções até à formação de um novo executivo. Assad que mantém a liderança férrea do estado autoritário que a sua família moldou e ele consolidou, não é atingido por esta demissão.
Semanas de contestação fortemente reprimida
Com vários países do norte de África e do Médio Oriente em convulsão, a onda de choque atingiu a Síria. Os protestos começaram no dia 18 de março e a violência que se instalou nas ruas das cidades sírias trouxe para a luz da ribalta as tensões entre as várias fações pela primeira vez em muitas décadas.
Num país em que a maioria é sunita e onde o poder é exercido por uma minoria Alawita, um ramo dos islamitas Chiitas, a quem foram distribuidos os vários lugares na estrutura do poder, as tensões são naturais e acabariam um dia por conhecer a luz do dia.
Bashar Assad e os seus governos deram ao longo dos anos liberdade e campo de manobra à influente classe mercantil, maioritariamente sunita, para desenvolver os seus negócios e assim conhecer um período de prosperidade e de desenvolvimento económico, conseguindo com essa política conquistar o seu apoio, ou pelo menos a sua benevolência. Essa liberdade contrasta no entanto, com as constantes prisões dos dissidentes e com o desrespeito pelos direitos humanos no tratamento dos opositores.
Nas últimas semanas a Síria conheceu movimentos de contestação que começaram na cidade de Daraa e rapidamente alastraram a todas as cidades. O poder reprimiu vigorosamente as manifestações. Os confrontos com as forças policiais foram violentos. Muitas prisões foram efetuadas e muitas foram as vítimas da ação policial. Pelo menos 55 pessoas foram dadas como mortas só na região de Daraa.
Os que reclamam por reformas políticas no país continuam a convocar as manifestações através das redes sociais e todos os dias anunciam locais de concentração diferentes numa tentativa de ludibriar a polícia que logo que conhece o local da convocatória torna-a numa zona militar impedindo assim a pacífica manifestação de vontade dos populares que respondem à chamada.
O governo responde aos apelos feitos através das redes sociais e das mensagens para os telemóveis incitando o povo a não responder qualificando os apelos de “incitamentos à violência na Síria”.
Centenas de milares saem à rua em apoio a Assad
A demissão do governo surge poucas horas depois de centenas de milhar de apoiantes do regime de Assad e do Partido Baas no poder respondendo a uma convocatória do executivo agora demissionário que tentava mostrar a força e o apoio ao regime.
È a resposta do poder às manifestações populares de contestação. O partido Baas e o governo mobilizam os seus apoiantes que ainda se contam ás centenas de milhar.
E foram centenas de milhares os sírios que responderam à chamada e saíram às ruas na segunda-feira em defesa do regime que governa a Síria há quatro décadas e não deixaram de clamar bem alto a unidade nacional da Síria.
“Sectarismo nunca foi um tema antes, isto é uma conspiração que tem como alvo a Síria”, como disse a jovem Jinane Audra de 36 anos que se deslocou de propósito da Arábia Saudita para Damasco para apoiar o autoritário regime de Assad.
Milhares de sírios saíram à rua na segunda-feira em manifestações apoiadas e mesmo incentivadas pelo poder nas províncias de Allepo e Hasakeh no norte e nas cidades de Hama e Homs no centro do país. Os manifestantes apoiavam o regime do Baas e protestavam a sua lealdade para com o homem que dirige com mão de ferro o país há onze anos.
Mas muitos que veem Assad como um líder jovem com créditos firmados no desenvolvimento económico que o país conseguiu ficaram chocados com a violência demonstrada pelo poder para com aqueles que se manifestaram nos últimos dias por mudanças no regime.
Quando a onda de contestação que assola o Oriente Médio atingiu a Síria, foi um momento de viragem dramático para Assad, um médico britânico, que herdou o poder de seu pai em 2000, após três décadas de governo com mão de ferro.
Em janeiro, Assad afirmou que seu país está imune à agitação tal porque ele está em sintonia com as necessidades do seu povo.
Reprimir ou fazer concessões
Bashar Assad balança entre a repressão e o compromisso face à contestação que se iniciou nas cidades do sul do país e depressa alastrou para o resto do território. A agitação num país que tem uma importância estratégica fundamental na região pode ter implicações graves que ultrapassem as fronteiras do país.
Há muito que a Síria é vista pelos Estados Unidos como uma força potencialmente desestabilizadora no Médio Oriente. Um aliado do Irão e das guerrilhas do Hezbollah no Líbano, dá ele próprio guarida a importantes grupos de guerrilha palestinianos.
Enquanto país, a Síria tem tentado emergir após anos consecutivos de isolamento internacional. Os Estados Unidos optaram por uma política de aproximação da Síria na tentativa de o afastar da influência do Irão, embora o esforça não tenha ainda revelado quaisquer sucessos.
Membro de uma família que controla a Síria há quatro décadas e líder do regime considerado mais autoritário e fechado do Médio Oriente, Bashar Assad vê agora a sua liderança contestada nas ruas pelo que tenta convencer as multidões anunciando uma série de concessões.
Aumenta a expectativa na Síria de que Assad se possa dirijir à nação nas próximas 24 horas e possa eventualmente anunciar o fim as leis de emergência que vigoram desde o longínquo ano de 1963 bem como o fim de outras restrições impostas às liberdades civis e políticas do povo sírio.
Foi a televisão estatal que anunciou esta terça-feira que o presidente aceitara a resignação dos 32 membros do gabinete liderado por Naji al-Otari, que tomou posse no dia 23 de setembro do ano passado, mantedo-se este em funções até à formação de um novo executivo. Assad que mantém a liderança férrea do estado autoritário que a sua família moldou e ele consolidou, não é atingido por esta demissão.
Semanas de contestação fortemente reprimida
Com vários países do norte de África e do Médio Oriente em convulsão, a onda de choque atingiu a Síria. Os protestos começaram no dia 18 de março e a violência que se instalou nas ruas das cidades sírias trouxe para a luz da ribalta as tensões entre as várias fações pela primeira vez em muitas décadas.
Num país em que a maioria é sunita e onde o poder é exercido por uma minoria Alawita, um ramo dos islamitas Chiitas, a quem foram distribuidos os vários lugares na estrutura do poder, as tensões são naturais e acabariam um dia por conhecer a luz do dia.
Bashar Assad e os seus governos deram ao longo dos anos liberdade e campo de manobra à influente classe mercantil, maioritariamente sunita, para desenvolver os seus negócios e assim conhecer um período de prosperidade e de desenvolvimento económico, conseguindo com essa política conquistar o seu apoio, ou pelo menos a sua benevolência. Essa liberdade contrasta no entanto, com as constantes prisões dos dissidentes e com o desrespeito pelos direitos humanos no tratamento dos opositores.
Nas últimas semanas a Síria conheceu movimentos de contestação que começaram na cidade de Daraa e rapidamente alastraram a todas as cidades. O poder reprimiu vigorosamente as manifestações. Os confrontos com as forças policiais foram violentos. Muitas prisões foram efetuadas e muitas foram as vítimas da ação policial. Pelo menos 55 pessoas foram dadas como mortas só na região de Daraa.
Os que reclamam por reformas políticas no país continuam a convocar as manifestações através das redes sociais e todos os dias anunciam locais de concentração diferentes numa tentativa de ludibriar a polícia que logo que conhece o local da convocatória torna-a numa zona militar impedindo assim a pacífica manifestação de vontade dos populares que respondem à chamada.
O governo responde aos apelos feitos através das redes sociais e das mensagens para os telemóveis incitando o povo a não responder qualificando os apelos de “incitamentos à violência na Síria”.
Centenas de milares saem à rua em apoio a Assad
A demissão do governo surge poucas horas depois de centenas de milhar de apoiantes do regime de Assad e do Partido Baas no poder respondendo a uma convocatória do executivo agora demissionário que tentava mostrar a força e o apoio ao regime.
È a resposta do poder às manifestações populares de contestação. O partido Baas e o governo mobilizam os seus apoiantes que ainda se contam ás centenas de milhar.
E foram centenas de milhares os sírios que responderam à chamada e saíram às ruas na segunda-feira em defesa do regime que governa a Síria há quatro décadas e não deixaram de clamar bem alto a unidade nacional da Síria.
“Sectarismo nunca foi um tema antes, isto é uma conspiração que tem como alvo a Síria”, como disse a jovem Jinane Audra de 36 anos que se deslocou de propósito da Arábia Saudita para Damasco para apoiar o autoritário regime de Assad.
Milhares de sírios saíram à rua na segunda-feira em manifestações apoiadas e mesmo incentivadas pelo poder nas províncias de Allepo e Hasakeh no norte e nas cidades de Hama e Homs no centro do país. Os manifestantes apoiavam o regime do Baas e protestavam a sua lealdade para com o homem que dirige com mão de ferro o país há onze anos.
Mas muitos que veem Assad como um líder jovem com créditos firmados no desenvolvimento económico que o país conseguiu ficaram chocados com a violência demonstrada pelo poder para com aqueles que se manifestaram nos últimos dias por mudanças no regime.
Quando a onda de contestação que assola o Oriente Médio atingiu a Síria, foi um momento de viragem dramático para Assad, um médico britânico, que herdou o poder de seu pai em 2000, após três décadas de governo com mão de ferro.
Em janeiro, Assad afirmou que seu país está imune à agitação tal porque ele está em sintonia com as necessidades do seu povo.
Reprimir ou fazer concessões
Bashar Assad balança entre a repressão e o compromisso face à contestação que se iniciou nas cidades do sul do país e depressa alastrou para o resto do território. A agitação num país que tem uma importância estratégica fundamental na região pode ter implicações graves que ultrapassem as fronteiras do país.
Há muito que a Síria é vista pelos Estados Unidos como uma força potencialmente desestabilizadora no Médio Oriente. Um aliado do Irão e das guerrilhas do Hezbollah no Líbano, dá ele próprio guarida a importantes grupos de guerrilha palestinianos.
Enquanto país, a Síria tem tentado emergir após anos consecutivos de isolamento internacional. Os Estados Unidos optaram por uma política de aproximação da Síria na tentativa de o afastar da influência do Irão, embora o esforça não tenha ainda revelado quaisquer sucessos.