Governo timorense relança concurso para estação de aterragem de cabo submarino

por Lusa

O Governo timorense anunciou hoje o relançamento de um concurso internacional para criar um complexo de comunicações que incluirá a estação de aterragem para um cabo submarino de fibra ótica, que ligará Timor-Leste e a Austrália.

A obra, no valor estimado de 6,6 milhões de dólares (6,1 milhões de euros), insere-se no projeto mais amplo da instalação de um cabo submarino de fibra ótica que vai ligar a capital timorense Díli e as cidades australianas de Darwin e Port Hedland.

A deliberação do Governo, a que a Lusa teve acesso, indica que o segundo concurso internacional tem que ser lançado, depois de um primeiro, lançado em novembro do ano passado, não ter tido vencedor.

Os documentos indicam que nesse concurso inicial se apresentou apenas uma empresa, australiana, mas que não cumpriu os requisitos do concurso, nomeadamente a submissão de uma caução, nem apresentou uma proposta que abrangesse a "integridade do objeto do concurso".

A questão dos serviços de telecomunicações é uma das mais polémicas em Timor-Leste, com serviços deficientes e excessivamente caros a serem fornecidos, maioritariamente por satélite, por vários operadores no país.

Ao longo dos anos chegaram a ser anunciadas várias iniciativas de ligação do país por cabo submarino, mas que acabaram por não se concretizar.

O projeto só acabou por se concretizar em maio do ano passado quando o Governo assinou um contrato com a Alcatel Submarine Network para a instalação de um cabo entre Timor-Leste e Austrália, avaliado em 40 milhões de dólares (37,35 milhões de euros).

O cabo submarino do sul de Timor-Leste (CSSTL) envolve uma ligação de cerca de 600 quilómetros, a partir de um cabo existente a norte da Austrália e que segue para nordeste, contorna a ilha de Timor e segue ao longo da costa norte até Díli.

A previsão era de que a instalação estivesse concluída num prazo de 19 meses, ou seja, sensivelmente no final deste ano, sendo ainda necessária a paralela construção em terra da estação de aterragem.

A chegada do cabo a Timor-Leste exige agora outras ligações nacionais e internacionais, garantindo redundâncias no sistema, esforços para garantir a cibersegurança dos cidadãos e formação adicional de recursos humanos nesta área.

Integrado nos programas de sucessivos Governos, o projeto foi finalizado por uma comissão interministerial liderada pelo ministro do Plano e Ordenamento, José Reis, que destacou a importância do projeto para a economia nacional.

A concretização do projeto vai permitir um acesso rápido e mais barato à internet em Timor-Leste, ajudando a combater o isolamento que ainda se vive nesta área no país e nas ligações com o exterior, frisou na altura da assinatura do contrato.

Ao mesmo tempo, vai permitir "dar uma resposta mais eficaz do sistema educativo", considerou.

Financiado totalmente por Timor-Leste, o desenvolvimento do CSSTL contou com o apoio técnico do Governo australiano, particularmente na fase de engenharia e desenho.

A conexão assenta numa proposta apresentada pelo Vocus Group, a quarta maior empresa de telecomunicações australiana, que esteve em Timor-Leste em março de 2019 a apresentar alternativas e cenários ao atual Governo.

De acordo com a empresa australiana, os operadores em Timor-Leste gastam 12 milhões de dólares (11,1 milhões de euros) por ano na compra de acesso à rede internacional através de satélite, com esse valor a ser multiplicado depois nos custos para os clientes, que têm velocidades lentas e instáveis.

A rede Vocus inclui, entre outros, um cabo que liga a cidade australiana de Perth a Singapura e um outro entre aquele e Port Heldand (noroeste da Austrália), e continua depois até Darwin, passando ao lado da fronteira no mar de Timor.

A partir daquele último cabo, North Western Cable System (NWCS), é possível a ligação por cabo submarino, de 250 quilómetros, até ao sul de Timor-Leste.

 

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