"Grande consternação". Governo lamenta envolvimento de português em homicídios nos EUA
O Governo português exprime "grande tristeza e consternação" pela confirmação da nacionalidade portuguesa do suspeito de matar o físico Nuno Loureiro e outras duas pessoas na Universidade Brown, nos Estados Unidos.
As autoridades norte-americanas anunciaram na madrugada desta sexta-feira ter identificado o suspeito do assassinato do físico Nuno Loureiro e também do ataque na Universidade Brown. De nacionalidade portuguesa, Cláudio Neves Valente vivia há mais de 20 anos nos Estados Unidos e foi encontrado morto.
"É com grande consternação que sabemos que o principal suspeito, e que foi encontrado morto, é um cidadão português. Isso também é algo que obviamente nos causa uma grande tristeza e consternação", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiro, em declarações à Lusa.
Paulo Rangel lamentou as mortes causadas nos dois ataques e que "haja um cidadão português envolvido na prática de crimes desta natureza, que são crimes altamente reprováveis, censuráveis, verdadeiramente terríveis para as vítimas e para as suas famílias".O suspeito foi encontrado morto na noite de quinta-feira, após cometer, aparentemente, suicídio, num armazém em Salem, em New Hampshire, a cerca de 20 quilómetros da baixa da cidade de Boston.
Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, as autoridades norte-americanas têm estado em contacto com Portugal, que tem prestado uma "cooperação muito grande", mas ressalvou que "as investigações estão longe de estar terminadas".
Por agora, Cláudio Neves Valente é o único suspeito do tiroteio na Universidade de Brown, assim como do homicídio do cientista português, embora os motivos não sejam ainda conhecidos.
Governo compreende decisão da Administração Trump
Após divulgado o suspeito e a situação em que estava nos Estados Unidos, Donald Trump suspendeu o programa de vistos que permitiu a entrada no país de Cláudio Neves Valente - uma decisão que Paulo Rangel disse respeitar.
Foto: Polícia de Providence, Rhode Island
"As reações da Administração norte-americana são [tomadas] no exercício da sua soberania e são aquelas que entende adequadas para lidar com situações que preocupam muito legitimamente", referiu.Neves Valente, ex-aluno da Brown, foi encontrado morto com um ferimento de bala que terá sido autoinfligido, anunciou o chefe de polícia de Providence, no Estado norte-americano de Rhode Island, Oscar Perez.
Segundo a investigação, o suspeito terá agido sozinho.
Os investigadores acreditam que o homem é responsável pelo ataque na Universidade Brown, no sábado, e pelo assassínio do professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o português Nuno Loureiro, morto a tiro em casa, em Brookline, na segunda-feira, de acordo com a procuradora federal de Massachusetts, Leah B. Foley.
Duas pessoas morreram e nove ficaram feridas no ataque a tiro na Universidade Brown.
Valente e Loureiro frequentaram o mesmo programa académico numa universidade em Portugal, entre 1995 e 2000, acrescentou Foley. Loureiro, que cresceu em Viseu, formou-se e fez investigação no Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa.
O português obteve o estatuto de residente permanente legal nos EUA em 2017. O programa de vistos, conhecido como `green cards` ou `cartões verdes`, disponibiliza anualmente até 50 mil vistos, através de sorteio, a pessoas de países pouco representados nos Estados Unidos, muitos deles em África.
Há muito que Trump se opõe a este programa e ao sorteio, que foi criado pelo parlamento norte-americano.Quase 20 milhões de pessoas inscreveram-se no sorteio de 2025, tendo sido selecionadas mais de 131 mil, incluindo cônjuges.
Após serem sorteados, devem passar por uma verificação para poderem entrar nos Estados Unidos, que inclui uma entrevista em consulados e os mesmo requisitos que os restantes candidatos a vistos.
Os cidadãos portugueses ganharam apenas 38 vagas no ano passado.C/Lusa