Grande parte das universidades europeias apresenta "sérias" falhas no acesso digital para estudantes com deficiência
É a conclusão de um estudo internacional liderado por investigadores de Portugal, Polónia e Irlanda. Em comunicado divulgado esta terça-feira, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa enumera as principais falhas que dificultam o acesso para estudantes com deficiência: "Fraco contraste de cores nos websites universitários, estrutura de navegação pouco clara e rotulagem ambígua".
Se o fraco contraste de cores nos websites dificulta "a leitura por pessoas com deficiência visual", a rotulagem vaga "cria confusão na navegação para estudantes com limitações cognitivas" e uma estrutura de navegação pouco clara "torna difícil o acesso a conteúdos essenciais por estudantes com deficiências cognitivas ou outras".
Embora o estudo revele um panorama preocupante nas universidades do sul e leste da Europa, destaca, pela positiva, o exemplo de boas práticas de instituições de ensino superior localizadas na Europa do Norte, Reino Unido e Irlanda.
Do estudo internacional, resulta ainda a conclusão de que "o panorama é bem mais preocupante nas regiões Sul e Leste da Europa” onde a presença de conteúdos acessíveis é reduzida, os recursos humanos e tecnológicos são escassos e o apoio institucional é, muitas vezes, inexistente".
"Esta investigação é um alerta claro", afirma Carlos Duarte, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. "As universidades precisam de agir já. É uma questão de equidade, inclusão e cumprimento da lei. O nosso estudo reforça a urgência de uma resposta coordenada - é necessário mais financiamento, formação técnica e planeamento estratégico para garantir que nenhum estudante fique para trás no acesso ao ensino superior", alerta o investigador no mesmo comunicado.
A Lei Europeia da Acessibilidade entrou em vigor no passado dia 28 de junho e vem colocar pressão adicional sobre as instituições de ensino superior: desde essa data, todos os serviços e produtos digitais – incluindo websites, plataformas de e-learning e comunicações online – deverão cumprir normas rigorosas de acessibilidade. As universidades que não se adaptarem arriscam sanções e perdas de financiamento para além de danos na sua reputação.
Embora o estudo revele um panorama preocupante nas universidades do sul e leste da Europa, destaca, pela positiva, o exemplo de boas práticas de instituições de ensino superior localizadas na Europa do Norte, Reino Unido e Irlanda.
A equipa portuguesa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa está integrada na Ação COST LeadMe – uma plataforma europeia que juntou académicos, decisores políticos e indústria em torno da acessibilidade digital e que analisou 171 universidades de 38 países europeus.
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