Grécia. Protestos contra campos de migrantes intensificam-se

por RTP
Em Lesbos, vários manifestantes tentaram bloquear o porto do Mitilene Costas Baltas - Reuters

Na quarta-feira, várias dezenas de pessoas ficaram feridas na sequência de confrontos com a polícia durante protestos contra a construção de novos campos para migrantes nas ilhas gregas de Lesbos e Chios.

Os habitantes das ilhas gregas de Lesbos e Chios, localizadas no mar Egeu, estão a protestar nas ruas pelo segundo dia consecutivo contra o plano do Governo grego que pretende criar novos centros migratórios nestas áreas.

Em Lesbos, vários manifestantes tentaram bloquear o porto do Mitilene para impedir que os oficiais da polícia desembarcassem na ilha com os seus equipamentos.

Os residentes entraram em confrontos com a polícia, através do lançamento de pedras contra os oficiais, que retaliaram com gás lacrimogéneo, granadas ensurdecedoras e balas de borracha.

Na Grécia, na Ilha de Lesbos, crescem os protestos contra a construção de novos campos para refugiados. A polícia de choque atirou gás lacrimogéneo para dispersar centenas de manifestantes que atiraram pedras contra a criação de um novo centro de detenção para migrantes, o último período de agitação sobre o assunto.

“É muito ruim que os gregos se voltem contra os gregos”, declarou o vice-presidente da Câmara de Mitilene, principal cidade de Lesbos, Efstratios Tzimis, citado pelo jornal britânico The Guardian. Durante os confrontos, cerca de dez manifestantes e dezenas de polícias sofreram ferimentos ligeiros.


Em Chios, os moradores invadiram um hotel onde as autoridades policiais estavam hospedadas, ferindo pelo menos oito pessoas.

“Estamos em tempos de guerra. A polícia tem armas, nós temos os nossos corações e as nossas almas”, declarou um padre local, citado pela Agence France Presse.

Embora os protestos estejam a intensificar-se, o Governo grego de Kyriakos Mitsotakis garantiu que irá continuar com o plano de construção, uma vez que, nos últimos meses existiram mais chegadas de migrantes ao país, do que em qualquer outra altura.

Cerca de 43 mil migrantes, entre homens, mulheres e crianças, estão registados em Lesbos, Samos, chios, Leros e Kos, residindo em campos originalmente preparados para acolher 5400 pessoas.
Campos completamente lotados

Em novembro, o Governo grego divulgou que pretendia substituir os campos de processamento e acolhimento nas ilhas gregas do mar Egeu, devido à sobrelotação e condições de vida identificadas como desumanas, por novos centros, que vão funcionar em regime de detenção. Depois da construção dos campos, os requerentes de asilo serão mantidos fechados durante a noite, na tentativa de trazer a ordem às ruas das ilhas.

“Não é uma honra para nenhum Estado ter este tipo de centros completamente lotados. É fundamental que esses novos centros aconteçam”, afirmou o secretário-geral do Ministério de Migração e Asilo grego, Manos Logothetis.

Em comunicado, o porta-voz do Governo, Stelios Petsas, declarou que os problemas de saúde como o coronavírus exigiam a criação destes novos centros de acolhimento fechados, isto depois de, no ano passado, o Governo ter cancelado o acesso aos cuidados de saúde para requerentes de asilo e pessoas sem documentos que vivem na Grécia.

De acordo com o Al Jazeera, o chefe de missão dos Médicos sem Fronteiras, Stephan Oberreit, expressão a sua solidariedade com os moradores locais e afirmou que os centros de detenção não são a melhore solução.

A proposta de criar novas estruturas para os migrantes suscitou várias críticas de organizações não-governamentais, das autarquias e das populações das regiões insulares. Durante os últimos meses, as ilhas do mar Egeu têm sido palco de várias manifestações e paralisações, justificadas pelo medo que estes centros migratórios coloquem problemas ao funcionamento da comunidade.
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