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Greta Thunberg: "Ninguém fez nada" pelo clima

por Inês Moreira Santos - RTP
Denis Balibouse - Reuters

Convidada pela segunda vez a participar no Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça, Greta Thunberg acusou esta terça-feira os dirigentes políticos mundiais de não fazerem "praticamente nada" pelo clima, sobretudo na redução das emissões de carbono. No mesmo dia, o Presidente dos Estados Unidos também marcou presença em Davos. Donald Trump aproveitou para elogiar a economia norte-americana e criticar os ativistas pelo clima.

Apesar da mobilização que os jovens de todo o mundo têm conseguido fazer desde o ano passado e de os temas relacionados com o ambiente e as alterações climáticas serem muito debatidos atualmente, "praticamente nada tem sido feito". Foi esta a crítica da ativista sueca perante os cerca de 50 chefes de Estado e de Governo, reunidos em Davos.

"O clima e o ambiente são tópicos quentes neste momento. E muito graças à pressão dos jovens. Mas, se virmos de outra perspetiva, praticamente, nada foi feito, já que as emissões globais de dióxido de carbono não foram reduzidas".

Esta terça-feira de manhã, antes de iniciarem os trabalhos do fórum económico, Greta Thunberg lembrou os participantes de que apesar das evidências de uma catástrofe natural iminente "nenhuma ideologia política ou estrutura económica" fez efetivamente alguma coisa.

As "emissões de carbono não diminuíram", lembrou a jovem de 17 anos, responsabilizando os líderes mundiais pela sua "inação". É necessário fazer "muito mais" do que o que se tem feito até agora, frisou a ativista que garantiu que isto "é apenas o início".
Temos de combater o "apocalipse climático"
Ao final da manhã desta terça-feira, Greta Thunberg voltou a discursar, desta vez num painel do Fórum Económico Mundial de Davos, sob o tema "Como evitar o apocalipse climático", no qual esteve também presente Donald Trump, um dos principais críticos dos ambientalistas.

"Há um ano, vim a Davos e disse que a nossa casa estava a pegar fogo", recordou, salientando que continua "atualmente a arder".

Dirigindo-se aos mais de três mil participantes do evento, entre os quais alguns jovens ativistas, a jovem sueca recordou que passou um ano a tentar alertar as pessoas para as conclusões de um relatório do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas de 2018, que revela que é urgente diminuir as emissões de gases de efeito de estufa e impedir que o aumento da temperatura global seja superior a 1,5.ºC.

Mas Greta Thunberg disse que não viu "um órgão de comunicação ou uma pessoa no poder" a divulgar esses dados ou o que estas conclusões "significam".

"Eu sei que vocês não querem denunciar isso. Eu sei que vocês não querem falar sobre isso. Mas garanto-vos que continuarei a repetir estes números até que vocês o façam", afirmou.

"Nós não precisamos de uma economia de baixo carbono. Nós não precisamos de reduzir as emissões. As nossas emissões têm de parar".

Greta Thunberg referiu ainda que "qualquer plano ou política (…) que não inclua cortes radicais de emissões na fonte, começando hoje, é completamente insuficiente" e que qualquer tipo de ação é para ser "feita agora".
Trump prioriza sucesso económico ao clima
Um dos participantes nos painéis do Fórum Económico Mundial de Davos, esta terça-feira, foi o Presidente dos Estados Unidos. Donald Trump tentou passar ao lado do tema central do evento, evitando abordar o aquecimento global e criticando os ativistas, e vendeu o "sucesso" económico dos EUA e da sua gestão política.

"Tenho orgulho em declarar que os Estados Unidos estão em pleno ‘boom’ económico, como o mundo nunca viu antes", disse Trump, à chegada ao Fórum Económico Mundial.

No dia em que se dá início ao seu julgamento político no Senado norte-americano, o Presidente dos EUA aproveitou o encontro anual que decorre em Davos, na Suíça, com a elite empresarial e política global, para elogiar a prestação da economia norte-americana.

Para Donald Trump, a recuperação da economia dos EUA sob a sua liderança "foi nada menos do que espetacular" e o país está a "prosperar" e a "ganhar novamente, como nunca antes aconteceu".

Tendo intervindo pouco depois da ativista sueca, Trump não perdeu a oportunidade de criticar os ativistas, referindo-se a estes como os "eternos profetas do apocalipse" climático.

"Precisamos de rejeitar os eternos profetas da desgraça e as suas previsões do apocalipse" porque "esta é uma época de enorme esperança, alegria, otimismo e ação".

Embora não tenha focado o seu discurso para a posição dos Estados Unidos para as questões climáticas, contrariamente aos outros participantes, Donald Trump disse ser "um grande apoiante do ambiente" e anunciou que os EUA vão plantar "um bilião de árvores".
Plantar árvores "não chega"
Acusando os líderes político e económicos mundiais de se terem rendido na luta contra as alterações climáticas e de colocarem os interesses económicos à frente dos da transição ecológica, Greta Thunberg voltou ao palco do Fórum Económico Mundial, e comentou a iniciativa norte-americana de plantar árvores.

"Plantar árvores é bom, mas não chega sequer perto do que é preciso fazer", afirmou, acrescentando que não compreende que o mundo se preocupe com o facto de os EUA terem abandonado o Acordo de Paris, mas não com o incumprimento desse acordo por parte dos restantes signatários.

Lembrando que é urgente parar com as emissões de carbono, a ativista sueca apelou aos líderes políticos e económicos que agissem pelas gerações futuras.

"Pedimos-vos que atuem, se amam os vossos filhos acima de qualquer outra coisa", declarou.

A 50ª edição do Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça, começou esta terça-feira e decorre até dia 24 de janeiro, contando com a participação de cerca de 50 chefes de Estado e de Governo, incluindo o Presidente dos EUA e a jovem ativista, entre os quase três mil participantes esperados.
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