Guerra Comercial. China retalia e também sobe taxas aos EUA

por RTP
O vice-presidente da China, Liu He, e o Presidente dos EUA, Donald Trump, em negociações na Casa Branca. Jonathan Ernst - Reuters

O Ministério das Finanças chinês anunciou esta segunda-feira que vai impor novas taxas a mais de cinco mil produtos norte-americanos. Depois de Donald Trump decidir aumentar taxas alfandegárias, a resposta da China confirma a pressão da “guerra comercial”.

A China decidiu aplicar um aumento, entre os 20 a 25 por cento, a taxas alfandegárias sobre cerca de 5140 produtos dos Estados Unidos da América, aponta a Reuters. A decisão surge como retaliação contra o aumento decretado por Trump, na passada sexta-feira, às tarifas impostas a 5700 produtos chineses nos EUA.

O Ministério das Finanças da China anunciou, num comunicado, que irá aumentar as suas tarifas sobre produtos norte-americanos no valor de 60 mil milhões de dólares (cerca de 50 mil milhões de euros), a aplicar a partir de 1 de junho. Isto é, o valor das importações visadas ascende aos 60 mil milhões de dólares. Segundo o New York Times, este atraso na implementação das novas taxas dá espaço para que os dois países retomem as negociações e estabeleçam novos acordos.

De acordo com o comunicado do Ministério das Finanças chinês, as taxas alfandegárias aplicadas a mais de dois mil produtos importados dos EUA vão passar dos atuais cinco por cento para 25 por cento e alguns produtos serão aumentados 10, 20 ou 25 por cento, conforme os produtos, igualando os valores estabelecidos pelo presidente norte-americano a aplicar sobre produtos chineses.

Na sexta-feira os EUA anunciaram que iam aumentar as taxas sobre os produtos importados da China e que o valor ascendia aos 200 mil milhões de dólares, com a justificação de tentar pressionar Pequim a retroceder em alguns temas negociais entre os dois países. Contudo, a China não aceitou essa justificação, afirmando que “nunca se renderá à pressão externa”.

Pequim prometeu responder às últimas alterações às tarifas dos EUA. “Quanto aos detalhes, por favor continue atento. Citando uma expressão dos EUA - espere e veja ”, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, numa conferência de imprensa.

O anúncio já era, por isso, esperado e surgiu pouco depois de o presidente dos EUA ter advertido, através do Twitter, a China para não retaliar porque a situação “só vai piorar”.



Reforçando a sua posição, Donald Trump escreveu, novamente através do Twitter, que os consumidores norte-americanos não serão afetados pelas novas taxas chinesas, uma vez que podem comprar produtos de países sem taxas ou até mesmo produzidos nos Estados Unidos, ou seja “tarifas zero”.

Acreditando que o país de Xi Jinping quer negociar e estabelecer melhores acordos, o presidente norte-americano disse ainda que “muitas empresas sujeitas a tarifas vão sair da China para o Vietname e outros países na Ásia” e que “é por isso que a China quer tanto fazer um acordo".

Antes das negociações entre os EUA e a China, na semana passada em Washington, a China tentou recuar em alguns compromissos de um acordo preliminar, alegando que a legislação chinesa seria alterada e seriam promulgadas novas políticas sobre questões de proteção de propriedade intelectual e de transferência tecnológica, o que gerou desentendimento nas negociações.

Donald Trump já afirmou, desde o aumento das taxas norte-americanas, que está “absolutamente sem pressa” para finalizar um acordo com Pequim.

O conselheiro económico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse no domingo que há uma "forte possibilidade" de que Trump se encontre com o Xi Jinping napróxima cimeira do G20, no Japão, no final do mês de junho.
pub