A situação no terreno. Invasão russa da Ucrânia entra na segunda semana

por RTP
Um soldado ucraniano fotografado em Kiev Zurab Kurtsikdze - EPA

Ao oitavo dia da invasão da Ucrânia, as forças da Rússia reivindicam o “controlo total” de Kherson, cidade com aproximadamente 290 mil habitantes no sul do país. A partir de Kiev, que continua a ser alvo de contínuos bombardeamentos russos, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assegura que as linhas de defesa continuam a resistir.

Kherson será a maior cidade tomada pelas tropas russas desde 24 de janeiro, o primeiro dia da invasão da Ucrânia. Gennadi Lakhouta, responsável pela administração regional, apelou aos habitantes, com recurso à plataforma Telegram, para que permanecessem nas suas casas, dado que “os ocupantes estão em todas as zonas da cidade e são muito perigosos”. Ouvido pela Associated Press, o gabinete do presidente da Ucrânia escusou-se a comentar a aparente progressão das tropas da Rússia na cidade portuária de Kherson enquanto perdurarem os combates.

Por sua vez, o presidente da câmara da cidade, Igor Kolykhaiev, disse ter-se avistado com tropas russas num prédio da administração de Kherson.

"Não tínhamos armas e não fomos agressivos. Mostrámos que estamos a trabalhar para proteger a cidade e a tentar lidar com as consequências da invasão", indicou no Facebook. "Estamos a ter enormes dificuldades com recolha de corpos e enterros, entrega de alimentos e remédios, recolha de lixo, gestão de acidentes, etc.", acrescentou.

O responsável assegurou que "não fez promessas" aos militares russos e que "simplesmente pediu que não disparassem contra as pessoas" e para que fosse permitida a recolha dos corpos nas ruas.
O porta-voz do Ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov, anunciou nas últimas horas que Kherson está debaixo do “controlo total” das forças militares russas.
Kharkiv, “a Estalinegrado do século XXI”

Em Kharkiv, no leste da Ucrânia, as vagas de bombardeamentos aéreos russos caíram sobre três escolas e a catedral da segunda maior cidade do país, a somar a diferentes infraestruturas. A notícia foi avançada pela cadeia norte-americana CNN, após verificação de vídeos e fotografias publicados nas redes sociais.O número de pessoas em fuga da guerra supera já o milhão, de acordo com as Nações Unidas.


“Kharkiv é hoje a Estalinegrado do século XXI”, afirmou o conselheiro da Presidência da Ucrânia Oleksiy Arestovich.

Os bombardeamentos russos destruíram o telhado do prédio da sede da polícia regional em Kharkiv. Abateram-se também sobre a sede dos serviços de informações e um prédio da universidade local, para além de edifícios residenciais.
Kiev resiste

O que se estima ser o plano para o assalto final sobre a capital da Ucrânia não foi ainda concretizado, quando a invasão entra na sua segunda semana.

“O corpo principal da grande coluna russa que avance para Kiev continua a mais de 30 quilómetros do centro da cidade, tendo sido atrasado por uma dura resistência ucraniana, problemas mecânicos e congestão”, adianta o Ministério britânico da Defesa, numa atualização sobre dados recolhidos pelos serviços de informações.

“A coluna fez poucos progressos discerníveis ao longo de três dias. Apesar de pesados bombardeamentos russos, as cidades de Kharkiv, Chernihiv e Mariupol continuam em mãos ucranianas”, acentua Londres.

O presidente da Ucrânia voltou entretanto a pronunciar-se. Volodymyr Zelensky acusou os russos de atingirem as únicas rotas de evacuação das cidades e prometeu exigir reparações.
Disse ainda que, apesar das dificuldades da noite, todos os ataques aéreos foram travados com sucesso.

Poucas horas antes de uma segunda ronda de negociações entre russos e ucranianos, com os incessantes bombardeamentos em pano de fundo, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, voltou a caracterizar a resposta ocidental à invasão como “histeria”.

c/ agências
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