Guiné-Bissau. Diáspora assina em Lisboa pacto social para a "Salvação da Democracia"
Membros da diáspora guineense assinaram hoje, em Lisboa, um pacto social para a "Salvação da Democracia" da Guiné-Bissau, o qual, afirmaram, visa garantir, "através da unidade nacional", vitória face aos "usurpadores de poder".
"A diáspora tem feito muito trabalho. Decidimos reunir-nos, pois acreditamos que é com a unidade nacional que poderemos vencer esses usurpadores de poder", contextualizou, na conferência de imprensa, o representante da sociedade civil Sabino Gomes Júnior.
Este pacto, hoje assinado em Lisboa por membros da diáspora guineense, foi criado a 02 de dezembro "perante a grave rutura da ordem constitucional e democrática, resultante da tomada ilegítima do poder por um grupo de militares autodenominado Alto Comando Militar" a 26 de novembro, declarou Gomes Júnior.
O pacto reúne "quadros técnicos e académicos, partidos políticos, organizações religiosas, associações e organizações jurídicas, sindicatos, movimentos sociais e, agora, a diáspora", enumerou.
Os subscritores consideram que o golpe de Estado militar "constitui uma confiscação da vontade popular", pelo que decidiram criar este pacto social, em que exigem "a libertação imediata e incondicional de todos os opositores políticos e ativistas, detidos num contexto inconstitucional", referiu.
"Pedimos também o respeito pelos resultados eleitorais, com a sua imediata publicação (...) e o pleno restabelecimento da liberdade constitucional", acrescentou.
Por outro lado, a sociedade civil exige que seja feita uma investigação às "violações dos direitos humanos" realizadas durante este período na Guiné-Bissau.
"Estamos a dizer de uma só voz, queremos que sejam os civis a ocupar o poder, não ao golpe de Estado, (...) e que estamos completamente solidários com a Guiné-Bissau", referiu.
Por fim, Gomes Júnior anunciou que para dia 31 de dezembro, quarta-feira, está marcada uma marcha cívica na Guiné-Bissau.
"A sociedade civil e todos os assinantes do pacto, partidos políticos, associações académicas, vão marchar mais uma vez (...) para que o povo da Guiné termine o ano de luto, mas a marchar pela liberdade", concluiu.
Em 26 de novembro, um dia antes do anúncio dos resultados provisórios das eleições presidenciais e legislativas na Guiné-Bissau, os militares depuseram o então Presidente Umaro Sissoco Embaló, no poder desde 2020, e suspenderam o processo eleitoral em curso.
O candidato da oposição Fernando Dias da Costa, que reclama a vitória, refugiou-se na Embaixada da Nigéria em Bissau, que lhe concedeu asilo.
O líder do histórico Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, foi detido no dia do golpe, juntamente com outras figuras da oposição.
Na noite de dia 23 de dezembro, foram libertados seis dos detidos, mas Simões Pereira continua detido.
Inicialmente detido pelos militares na altura do golpe, o Presidente, Umaro Sissoco Embaló, fugiu do país.
A junta nomeou o general Horta Inta-A, um aliado próximo de Embaló, como Presidente de um Governo de transição com a duração prevista de um ano.
O país está suspenso da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), da União Africana e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização em que detinha a presidência rotativa.
A oposição e figuras internacionais têm afirmado que o golpe de Estado foi uma encenação orquestrada por Embaló, por alegadamente ter sido derrotado nas urnas, impedindo assim a divulgação de resultados e mandando deter de forma arbitrária diversas figuras que apoiavam o candidato que reclama vitória, Fernando Dias da Costa.