Guiné-Bissau - Inaugurada oficialmente ponte aberta ao tráfego em Janeiro de 2004

por Agência LUSA

O presidente guineense inaugurou hoje oficialmente a ponte "Amílcar Cabral", a maior obra de engenheiria civil no país, construída com fundos da União Europeia (UE) e que visa ligar a Guiné-Bissau aos países vizinhos da África Ocidental.

Aberta ao tráfego há mais de um ano, a ponte "Amílcar Cabral", em homenagem ao "pai" das independências da Guiné-Bissau e Cabo Verde, foi construída sobre o rio Mansoa na localidade de João Landim, 20 quilómetros a norte de Bissau, ligando o norte ao sul do país.

Com interrupções devido aos sucessivos conflitos militares, a ponte foi construída em 28 meses pela empresa espanhola "Necso Intercanales" e tem 785 metros de comprimentos e 11,4 metros de largura, com duas faixas de circulação automóvel de 3,5 metros cada.

Divergências quanto ao golpe de Estado de Setembro de 2003 levaram a UE a só reconhecer as novas autoridades após as eleições legislativas de Março de 2004, o que impediu a inauguração da infra-estrutura.

No seu discurso, o presidente Henrique Rosa saudou a "compreensão" da UE, principal parceira económica da Guiné-Bissau, ao assumir a iniciativa de financiar na totalidade os trabalhos de construção da ponte.

O chefe de Estado guineense destacou ainda a "feliz coincidência" de a ponte ser inaugurada hoje, dia em que se assinala o Dia da Europa, 09 de Maio.

"A grandeza do nome do patrono da ponte "Amílcar Cabral" e o destino quiseram que fosse inaugurada justamente hoje, dia em que se assinala o Dia da Europa", frisou Henrique Rosa.

Para o chefe de Estado guineense, a ponte "Amílcar Cabral" deve ser vista como um "elo de ligação" entre as regiões sul e norte da Guiné-Bissau, mas também deste país com o resto do continente africano.

Henrique Rosa apontou o aumento de trocas comerciais, a promoção de laços de cooperação vantajosos entre os povos e países da costa Ocidental de África como os principais motivos para a construção desta ponte.

Na opinião do chefe do Estado guineense, esse foi o "sonho" idealizado no "Plano de Lagos", Nigéria, quando nos princípios dos anos 90 "alguns visionários" africanos, chefes de Estado, traçaram uma linha de orientação a nível continental visando a construção de importantes vias rodoviárias.

Segundo Henrique Rosa, esta visão, no caso da Guiné-Bissau, só será concretizada com a construção das pontes sobre o rio Cacheu, na localidade de São Vicente (interior norte junto a fronteira com o Senegal), e sobre o Rio Grande de Buba, no sul do país.

A ponte sobre o rio Cacheu, em São Vicente, deverá ser construída dentro de 30 meses, uma vez que os trabalhos preliminares para a empreitada já foram iniciados, disse o ministro das Obras Públicas, Construção e Urbanismo guineense, Domingos Simão Pereira.

Por seu turno, o embaixador da UE em Bissau, o português António Moreira Martins, destacou o estímulo, a produção e o desenvolvimento das trocas comerciais entre as várias regiões do país e os Estados vizinhos que se registarão devido à nova ponte.

Num dístico evocativo da inauguração da ponte, é indicado que a infra-estrutura se enquadra na parceira UE/ACP (União Europeia/Africa Caraíbas e Pacifico) na perspectiva da cooperação para a integração e desenvolvimento.

"Estamos orgulhosos, mas também conscientes da importância que esta obra, conjuntamente com a de São Vicente, pode ter para o desenvolvimento da economia nacional e sub-regional", disse Moreira Martins.

Para o delegado da UE, a construção destas duas pontes é uma contribuição valiosa que os "25" podem dar à Guiné-Bissau para a sua "integração física" no espaço sub-regional africano.

A ponte "Amílcar Cabral", já em utilização desde Janeiro de 2004, foi hoje inaugurada na presença de chefes de Estado e de governo de países da Organização para a Valorização do Rio Gâmbia (OVRG).

Assistiram as cerimónias os presidentes do Senegal, Abdoulaye Wade, e Gâmbia, Yahia Jammeh, e o primeiro-ministro da Guiné-Conacri, Cellou Diallo, que se encontram na capital guineense a participar na X Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da OVRG.


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