Guiné-Bissau. Nigéria dá proteção a candidato que reivindica vitória nas presidenciais
A embaixada da Nigéria vai dar proteção a Fernando Dias da Costa, candidato que reivindica ter vencido as eleições presidenciais do passado dia 23 de novembro na Guiné-Bissau, refere uma nota do Governo nigeriano a que a Lusa teve hoje acesso.
Na nota, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Yusuf Maitama Tuggar, informou o presidente da Comissão da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), Omar Touray, que o presidente do país, Bola Ahmed Tinubu, aceitou conceder proteção ao político guineense.
"Escrevo para informar que o Presidente, Bola Ahmed Tinubu, aprovou graciosamente a concessão de proteção e segurança nas instalações da embaixada da Nigéria na República da Guiné-Bissau, para o Sr. Fernando Dias da Costa", refere-se ainda na nota.
Fontes do Partido da Renovação Social (PRS), que apoiou a candidatura de Fernando Dias da Costa, afirmam que o político "não saiu de Bissau" desde o dia 26, quando um Comando Militar protagonizou um golpe de Estado.
"A partir de ontem (domingo) Fernando Dias da Costa passou a estar sob a proteção da embaixada da Nigéria em Bissau", precisaram as mesmas fontes, contactadas pela Lusa.
Na carta do chefe da diplomacia nigeriana ao presidente da comissão da CEDEAO é referido ainda que Fernando Dias da Costa vai passar a contar com a proteção e segurança de soldados da missão de apoio à estabilização da Guiné-Bissau, estacionada no país desde 2022.
A decisão do líder nigeriano, acrescenta-se na carta, é uma "medida proativa" para dar segurança a Fernando da Costa, "em resposta às ameaças iminentes à sua vida" e ainda demonstra o "firme compromisso" para a salvaguarda das aspirações democráticas do povo guineense.
A Guiné-Bissau está suspensa da CEDEAO, assim como de outra organização regional, a União Africana, consequência do golpe de Estado em 26 de novembro, quando um Alto Comando Militar tomou o poder, destituiu o Presidente Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país, e suspendeu o processo eleitoral.
As eleições gerais, presidenciais e legislativas, tinham decorrido sem incidentes em 23 de novembro e, um dia depois, o candidato da oposição, apoiado pelo histórico partido PAIGC, excluído das eleições, Fernando Dias, reclamou vitória na primeira volta sobre o Presidente Embaló.
Na véspera da divulgação dos resultados oficiais, um tiroteio em Bissau antecedeu a tomada do poder pelo Alto Comando Militar que nomeou Presidente de transição, o general Horta Inta-A.
O general Horta Inta-A anunciou que o período de transição terá a duração máxima de um ano e nomeou como primeiro-ministro o ministro das Finanças Ilídio Vieira Té, antigo ministro de Embaló.
No sábado, foi empossado um novo Governo de transição com nomes do executivo deposto e cinco militares entre os 23 ministros e cinco secretários de Estado.
No golpe, o líder do PAIGC, Simões Pereira, foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.