Guiné-Bissau. PR cessante admite reconhecer derrota "se perder as eleições"
O Presidente cessante da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, admitiu hoje que será o primeiro a reconhecer a derrota "se perder as eleições" e afirmou que não precisa de ser Presidente para viver.
Sissoco Embaló falava numa rua de Bissau e as suas declarações foram transmitidas pelas redes sociais.
Embaló afirmou que vai reconhecer os resultados eleitorais como fez em 2023, em que a coligação Plataforma da Aliança Inclusiva -- PAI Terra Ranka venceu as legislativas, tendo, na altura, "obrigado a oposição a aceitar os resultados".
"Se agora eu perder serei o primeiro a aceitar os resultados, mas não quer dizer que vou aceitar e depois negar os resultados. Não. A minha sobrevivência não depende da política. Tudo o que tenho é antes de ser Presidente da República", observou Sissoco Embaló.
O político afirmou que não precisa de estar no palácio ou ser líder de um partido como meio de subsistência.
"Deus deu-me oportunidades", declarou.
O adversário de Sissoco Embaló nas eleições de domingo, Fernando Dias, candidato independente apoiado pelo histórico partido PAIGC, pela coligação PAI - Terra Ranka e por uma ala do Partido da Renovação Social (PRS), reivindicou, na segunda-feira, vitória nas presidenciais e afirmou que não haverá segunda volta.
O porta-voz da candidatura a um segundo mandato de Umaro Sissoco Embaló, Óscar Barbosa, disse no mesmo dia que não haverá segunda volta nas presidenciais, sem falar dos resultados.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau anunciou que os resultados provisórios das eleições gerais, legislativas e presidenciais, de domingo, 23 de novembro, devem ser conhecidos até quinta-feira, dia 27.
Os guineenses foram às urnas para escolher o novo Presidente da República e os 102 deputados da Assembleia Nacional Popular, encerrada há dois anos, depois de dissolvida a maioria PAI-Terra Ranka e afastada do Governo pelo Presidente da República.
Umaro Sissoco Embaló terminou o mandato de cinco anos e convocou eleições gerais, presidenciais e legisltivas, para 23 de novembro.
Com 12 candidatos à presidência da República, a corrida eleitoral transformou-se num duelo entre Embaló, que concorreu a um segundo mandato, e Fernando Dias, que ganhou o apoio do histórico PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde).
O PAIGC, assim como a principal oposição ao regime ficaram de fora destas eleições por decisão do Supremo Tribunal de Justiça, que indeferiu a inscrição das candidaturas por alegadamente serem apresentadas fora dos prazos legais.
Para as eleições legislativas foram apresentadas 14 candidaturas, entre elas a da Plataforma Republicana, que apoia o Presidente Embaló, mas nenhuma das forças políticas da anterior composição do parlamento esteve na corrida eleitoral.
HFI // MLL
Lusa/Fim