Guterres defende legado de Mandela em mundo ameaçado por conflitos e desigualdades
O secretário-geral da ONU apelou hoje para a responsabilidade coletiva de preservar o legado de Nelson Mandela, especialmente quando o mundo enfrenta conflitos, desigualdades sistemáticas e a "reversão de liberdades duramente conquistadas".
António Guterres falava, em Nova Iorque, por ocasião do Dia Internacional Nelson Mandela, destacando que o histórico líder sul-africano "suportou o peso brutal da opressão e emergiu não com uma visão de vingança e divisão, mas de reconciliação, paz e unidade".
"Hoje, o legado de `Madiba` [Nelson Mandela] é nossa responsabilidade. Devemos levar adiante o compromisso com a paz, a justiça e a dignidade humana. Uma das principais lições da vida de Mandela foi que o poder não é uma posse pessoal a ser acumulada. Poder é elevar os outros", disse Guterres.
Ao mesmo tempo que celebrava o Dia Internacional Nelson Mandela, o antigo primeiro-ministro português lembrou que a ONU assinala este ano o 80.º aniversário, sublinhando que o legado deixado pelo líder sul-africano, de reconciliação e transformação, continua a inspirar e a impulsionar o trabalho da organização.
Guterres frisou que, em todo o mundo, os direitos humanos e a dignidade estão ameaçados, não apenas por conflitos e instabilidade, mas também por desigualdades sistemáticas, exclusão, desastres climáticos e pela reversão de liberdades duramente conquistadas.
Tendo isso em conta, o secretário-geral defendeu que "agora é o momento" para renovar o compromisso global com os princípios que definem a ONU e que definiram a vida de Mandela: "Liberdade. Justiça. Direitos iguais. Solidariedade. Reconciliação. Paz".
António Guterres felicitou ainda a assistente social canadiana Brenda Reynolds e o ativista comunitário queniano Kennedy Odede por terem sido distinguidos com o Prémio Mandela 2025.
As Nações Unidas assinalam a 18 de julho o Dia Internacional Nelson Mandela. A data foi escolhida pela Assembleia-Geral para homenagear o nascimento do antigo presidente da África do Sul, em 1918.
Depois de 27 anos na prisão pela luta contra o regime segregacionista (`apartheid`) na África do Sul, Mandela foi eleito chefe de Estado sul-africano e recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1993.