Guterres enaltece parceria com UA e garante que África continua prioritária para ONU

O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou hoje "essencial" a parceria entre a União Africana (UA) e as Nações Unidas, frisando que África continua a ser "uma das principais prioridades" da organização.

Lusa /

"É a nossa parceria estratégica mais importante, uma vez que África continua a ser uma das principais prioridades da ONU", disse Guterres numa conferência de imprensa ao lado do presidente da comissão da União Africana, Moussa Faki, em Nova Iorque.

Momentos antes, António Guterres e Moussa Faki haviam assinado um novo acordo sobre direitos humanos, que segue um acordo anterior sobre paz e segurança, e outro sobre desenvolvimento. 

 Ambos os líderes sublinharam a necessidade de reformar a arquitetura financeira global para refletir a realidade atual, com Guterres a avaliar que África tem sido uma vítima dupla de injustiças: "Em primeiro lugar, a injustiça histórica ligada ao colonialismo e à escravatura; e em segundo lugar, a injustiça atual em relação à forma como se estabelecem as relações de poder no mundo, nomeadamente o poder financeiro e económico".

O ex-primeiro-ministro português destacou então a importância de trabalhar com a UA "com base no princípio de soluções lideradas por África, para problemas africanos".

Num momento em que países como o Mali e Sudão têm exigido a retirada de missões da ONU do seu território, Guterres reconheceu que as missões de manutenção da paz "não fazem sentido onde não há paz a manter", defendendo antes "operações de imposição da paz e de contraterrorismo em África", lideradas pela UA e com o pleno mandato do Conselho de Segurança, amparadas em contribuições financeiras fixas. 

"São a única forma de sermos eficazes no combate ao tipo de violência e de terrorismo que atualmente prolifera em muitos países africanos", frisou. 

Confrontado por um jornalista com a "retirada caótica" da operação da ONU no Mali, Guterres rejeitou essa avaliação, advogando que "está a acontecer conforme planeado".

Ambos os líderes foram também questionados sobre se os pedidos para a retirada das forças da ONU do Sudão e os relatos de atrocidades no Darfur Ocidental representavam um fracasso da ONU e da UA.

Guterres rejeitou que a União Africana e as Nações Unidas sejam responsáveis pela situação no terreno, quando a "culpa é daqueles que sacrificam os interesses do seu povo numa luta pelo poder".

Nas suas declarações à imprensa, Faki admitiu que África atravessa um "período difícil", uma vez que se tornou "um refúgio para o terrorismo e o extremismo", afetando muitas regiões do continente africano.

África também enfrenta desafios económicos provocados pelo que chamou de "crise tripla", tendo em conta a pandemia da covid-19, as alterações climáticas e as consequências da guerra na Ucrânia, que teve impacto no abastecimento de alimentos.

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