Os compromissos atuais dos Estados para o clima "são um caminho para o desastre", disse na quinta-feira o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
Guterres, em particular, demonstrou inquietação com o pouco tempo que falta para impedir um "fracasso" na 26.ª Conferência das Partes (COP26) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC), que começa dentro de nove dias, em Glasgow, na Escócia.
Segundo a última avaliação da ONU, os compromissos de redução das emissões de gases com efeito de estufa apresentados por cerca de 200 Estados conduzem a um aumento da temperatura média global de 2,7 graus centígrados (ºC), bem longe do objetivo do Acordo de Paris de conter o aquecimento bem abaixo de 2ºC, se possível em 1,5ºC.
"Os progressos das últimas semanas não foram suficientes", disse Guterres, acrescentando: "Quando vejo o pouco tempo que resta entre hoje e Glasgow, quando vejo o quão longe estamos de onde deveríamos estar, fico profundamente inquieto, mas tenho esperança".
Faltam menos de duas semanas para que a COP26 comece, na capital escocesa, em 31 de outubro, prolongando-se até 15 de novembro.
"Espero que ainda estejamos a tempo de evitar um fracasso em Glasgow, mas o tempo urge, é cada vez mais difícil, e estou muito inquieto, porque receio que as coisas corram mal", avançou.
Para evitar este fracasso, apelou ao "sentido das responsabilidades" dos governos, em particular os do Grupo dos 20 (G-20), cujos dirigentes se vão reunir mesmo antes da COP26.
"A poluição com o carbono por parte de um punhado de países colocou a humanidade de joelhos", insistiu, lembrando que o G-20 é responsável por 80% das emissões mundiais de gases com efeito de estufa. "Se não apontarem o caminho nestes esforços, vamos para sofrimentos terríveis para os seres humanos", considerou.