Hamas apela a reunião urgente da Liga Árabe sobre Gaza

por RTP
Gaza em escombros em janeiro de 2025, após 15 meses de combates entre Israel e o Hamas Hatem Khaled - Reuters

O porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, disse esta quinta-feira que seu movimento solicitou uma "cimeira árabe" urgente sobre a proposta do presidente Donald Trump para Gaza, que inclui a transferência do enclave para os EUA e a deslocalização dos seus habitantes.

"Apelamos a uma cimeira árabe urgente para confrontar a deslocação planeada" de palestinianos para fora de Gaza, afirmou Qassem num comunicado, instando "os países árabes a resistirem à pressão de Trump e a permanecerem firmes". A organização islamita palestiniana pediu ainda às "organizações internacionais que tomem medidas enérgicas contra o plano de Trump".

As palavras do presidente norte-americano sobre Gaza equivalem a uma "declaração de intenção de ocupar o território", denunciou ainda o porta-voz do Hamas.

Considerando os propósitos de Trump "absolutamente inaceitáveis", Qassem sublinhou que "não precisamos que nenhum outro país governe a Faixa de Gaza e não aceitamos a substituição de uma ocupação por outra".

Também a Autoridade Palestiniana, que administra a Cisjordânia, rejeitou a proposta de Trump.

Os territórios palestinianos "não estão à venda" e "não são um projeto de investimento", afirmou Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do gabinete do presidente, citado pela agência de notícias palestiniana Wafa.

"A Palestina, com suas terras, história e locais sagrados, não está à venda e não é um projeto de investimento. Os direitos do povo palestino não são negociáveis ​​e não são moeda de troca", esclareceu.

Donald Trump considera que ninguém pode viver em Gaza atualmente e defende que o enclave tem de ser reconstruído e limpo de resíduos de armamento. Propôs que os EUA assumam a administração do território e a sua reconstrução à semelhança de um resort de luxo

Ideia que incluíria a transferência da população atual para outras áreas, preferencialmente em países vizinhos, onde 1.8 milhões de palestinianos de Gaza poderiam, nas palavras do presidente, "ser felizes".

A proposta enfia na gaveta, pelo menos por muitos anos, a ideia dos dois Estados, Israel e Palestina (composto pela Cisjordânia e por Gaza), lado a lado, defendida transversalmente pela comunidade internacional. 

O plano não esclarece, para já, qual seria o futuro estatuto de Gaza nem o país responsável pela sua administração, se Israel, se os seus aliados norte-americanos ou qualquer outra entidade.

A proposta de Trump tem estado a ser rejeitada pelas potências regionais e pela generalidade das instâncias internacionais, das Nações Unidas à Amnistia Internacional.
PUB