Hezbollah lançou hoje cinco ataques, um dos quais com mísseis
O grupo xiita libanês Hezbollah reivindicou hoje cinco novos ataques contra o norte de Israel, um dos quais com recurso a mísseis, enquanto o fogo cruzado continua com cada vez mais intensidade na fronteira entre os dois países.
Numa série de comunicados, o movimento armado libanês reclamou a autoria de cinco novos ataques contra três postos militares diferentes e contra um "ponto de concentração para soldados inimigos" localizado próximo de outra posição no norte de Israel.
O Hezbollah explicou que uma das ações foi levada a cabo com mísseis, enquanto que no caso dos restantes se limitou a informar do uso de "armas adequadas", sem especificar quais.
Um dos postos atacados esta tarde localiza-se nas Quintas de Shebaa, uma zona controlada por Israel que o Líbano reclama como sua, mantendo a estratégia de incluir pontos reivindicados entre os seus objetivos para recordar que a defesa do território libanês é central nas suas operações.
Ainda assim, o grupo garantiu que os ataques foram realizados em apoio à população de Gaza e à sua "honrada resistência", numa aparente referência ao movimento islamita palestiniano Hamas.
Desde 08 de outubro, o Hezbollah e Israel estão embrenhados em intensos ataques cruzados através da fronteira entre os dois países, um conflito que já fez dezenas de mortos, mais de 300 feridos e cerca de 26 mil deslocados internos só do lado libanês.
A violência alcançou níveis record no passado fim de semana, quando voltaram a crescer os receios de que o Líbano se converta numa segunda frente da guerra no Médio Oriente.
O chefe da missão de paz da ONU no Líbano (FINUL), Aroldo Lázaro, expressou a sua "profunda preocupação" pela situação nas regiões fronteiriças em reuniões distintas com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e o presidente do parlamento, Nabih Berri.
"Neste momento, as prioridades da FINUL são evitar uma escalada, salvaguardar a vida dos civis e garantir a proteção e segurança dos capacetes azuis", afirmou o alto mandatário espanhol em comunicado depois de concluídos os seus encontros em Beirute, adiantou a EFE.
Pelo menos 88 pessoas foram mortas no sul do Líbano desde o início das hostilidades, 65 das quais combatentes do Hezbollah e pelo menos dez civis, incluindo um jornalista da agência Reuters.
Do lado israelita, nove pessoas foram mortas, seis das quais militares, segundo as autoridades israelitas.
Os Estados Unidos, França e outros países ocidentais advertiram contra a entrada direta do Líbano na guerra entre Israel e o Hamas.
Composta por mais de 10.000 efetivos, a Finul está estacionada no sul do Líbano desde 1978 para servir de tampão com Israel, uma vez que os dois países estão tecnicamente ainda em guerra.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 39.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 11.000 mortos, na maioria civis, 28.200 feridos, 3.250 desaparecidos sob os escombros e mais de 1,6 milhões de deslocados, segundo o mais recente balanço das autoridades locais.