O líder do partido miliciano libanês Hezbollah, Naim Qassem, rejeitou hoje entregar as armas, uma medida prevista num acordo para que Israel suspenda os ataques no sul do Líbano.
"As ameaças não nos farão capitular. E que ninguém nos peça para depor as armas", afirmou Qassem num discurso em Beirute, citado pela agência de notícias espanhola Europa Press.
Qassem manifestou-se surpreendido com a "exigência de desarmamento", referindo que os mísseis do Hezbollah "representam a base das capacidades de defesa" do grupo xiita apoiado pelo Irão.
O Hezbollah e Israel encontram-se num precário estado de cessar-fogo desde novembro de 2024, depois de meses de combates que coincidiram com o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
O Hezbollah atacou o norte de Israel com mísseis a partir do sul do Líbano para apoiar o grupo extremista Hamas, que enfrentou uma ofensiva militar de grande envergadura em Gaza depois de ter atacado território israelita.
Israel acabou por eliminar a liderança do Hezbollah, incluindo o líder carismático Hassan Nasrallah, e invadir o sul do Líbano até um acordo ter cessado os combates.
O acordo, mediado pelos Estados Unidos e com algum apoio do Presidente libanês, Joseph Aoun, previa o desarmamento do Hezbollah e a retirada de Israel do sul do Líbano se o exército libanês assumisse o controlo da área.
Os militares israelitas consideraram que tais condições não foram cumpridas e continuaram a lançar ataques contra o que descrevem como posições da milícia Hezbollah.
"Não há espaço para rendição aqui", disse Qassem no discurso transmitido pela televisão proferido num feriado xiita.
Qassem afirmou que Israel deve aplicar o acordo de cessar-fogo com o Líbano, "retirar-se dos territórios ocupados, parar a agressão (...), libertar os prisioneiros libaneses" e começar a reconstrução das zonas devastadas pela guerra que terminou em novembro.
Nessa altura, "estaremos prontos para a segunda fase, que é discutir a segurança nacional e a estratégia de defesa" do Líbano, termo que inclui a questão do desarmamento do Hezbollah, referiu, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
"Que ninguém ponha em causa as nossas capacidades ou as nossas competências, porque somos homens de combate", acrescentou Qassem, que sucedeu a Nasrallah na liderança do Hezbollah.
O roteiro para o desarmamento do Hezbollah foi apresentado pelo enviado dos Estados Unidos, Tom Barrack, e apelava ao desarmamento dos grupos não estatais e ao controlo governamental de todas as armas.
A ideia foi bem acolhida pelo Presidente Aoun, que tem insistido em várias ocasiões que a única entidade capaz de defender o país deve ser o exército libanês.
Barrack deverá deslocar-se ao Líbano na segunda-feira para continuar a discutir a questão com o Governo.