Hidroelétrica moçambicana anuncia recuperação de níveis de armazenamento em janeiro
Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), na província central de Tete, principal produtora de eletricidade em Moçambique, anunciou uma "ligeira recuperação" de armazenamento e estabilidade da cota da albufeira para a produção hidroenergética em janeiro.
"Em resultado da melhoria das afluências de janeiro, o armazenamento final do mês, que havia sido previsto em 19%, fixou-se em 21,7% com tendências crescentes na primeira semana de fevereiro", lê-se no comunicado de imprensa da HCB, enviado hoje à Lusa.
A recuperação, garante a empresa, permite a HCB continuar a fornecer energia a Moçambique, África do Sul e outros países da região austral de África, "apesar da continuidade da situação da seca regional que se observa desde o ano hidrológico 2023/24, atenuada pelas medidas de gestão hidroenergética em implementação desde 2024".
A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros, contando com quase 800 trabalhadores.
No documento, a empresa justifica a "ligeira recuperação" do armazenamento com a melhoria da afluência à albufeira.
"As afluências previstas para janeiro eram de 1.100 metros cúbicos por segundo, baseadas no que se observava naquela altura, no entanto, já na última semana de janeiro observaram-se caudais significativamente positivos e maiores, tendo atingido o pico de cerca de 4.000 metros cúbicos por segundo em 30 de janeiro, o que melhorou a média de afluências observadas para 1.585 metros cúbicos por segundo", lê-se no comunicado da empresa.
Face às chuvas que se fazem sentir na região centro e norte do país, a HCB promete continuar a monitorar a situação da bacia do rio Zambeze, podendo efetuar "eventuais ajustes ao plano de exploração em vigor" no quadro dos resultados das precipitações.
A HCB estimou lucros recorde de 225 milhões de dólares (215,4 milhões de euros) em 2024 e espera aumentar até ao final deste ano os níveis reduzidos de armazenamento de água.
Em comunicado enviado à Lusa em 24 d janeiro, a administração da HCB, uma das maiores produtoras independentes de energia hidroelétrica da região austral de África, refere ter alcançado no ano passado uma produção de 15.753,52 GigaWatt-hora (GWh).
"Esta cifra foi atingida num contexto hidro-climatológico adverso caracterizado por uma seca severa imposta pela ocorrência do fenómeno El Niño, cujo impacto negativo levou à adoção e implementação de medidas de gestão da exploração da albufeira, que visavam salvaguardar a segurança hidráulico-operacional da barragem e infraestruturas conexas, o que permitiu que Cahora Bassa tivesse níveis de armazenamento de água melhores do que as barragens dos países à montante", lê-se no comunicado.
O documento acrescenta que no final do primeiro período da época chuvosa, em 31 de dezembro de 2024, a cota da albufeira atingiu 305,20 metros acima do nível médio das águas do mar, o que corresponde a 21,19% de armazenamento útil.
O Estado moçambicano detém 90% do capital social da HCB, desde a reversão para Moçambique, acordada com Portugal em 2007, enquanto a empresa portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) tem uma quota de 7,5% e a Eletricidade de Moçambique 2,5%.