Hino fascista faz-se ouvir no regresso das touradas em Palma de Maiorca

por RTP
O tribunal considerou que o governo regional das Baleares abusou da sua autoridade ao rotular como ilegal uma parte da cultura de Espanha. Jon Nazca - Reuters

No passado fim-de-semana, as touradas regressaram a Palma de Maiorca, depois de terem sido proibidas em 2017. Fora do recinto, cerca de 400 ativistas protestavam contra o regresso das touradas. Em resposta aos protestos, no interior da arena os altifalantes ecoavam Cara al Sol, um hino fascista espanhol.

No exterior da praça de touros, em Palma de Maiorca, centenas de ativistas protestavam contra o regresso das touradas em Palma de Maiorca.

“Não é arte, é tortura” e “Não às touradas” eram frases repetidas pelos cerca de 400 manifestantes, depois de as touradas terem regressado à cidade espanhola pela primeira vez desde 2017, altura em que foram proibidas. Um manifestante invadiu a arena com as palavras “touradas nunca mais” escritas no corpo.

Dentro da arena gritavam “liberdade”, enquanto nos altifalantes se ouvia uma música intitulada “Viva España”, que se seguiu ao hino fascista “Cara al Sol”.

“Um tribunal do século XIX denigre uma lei moderna das Baleares que terminou com as touradas e permite um espectáculo de tortura no Coliseu. Um protesto a favor do animal é montado e respondem-lhes com o "Cara al Sol", escreveu um secretário autónomo das Baleares, Jesús Jurado, num vídeo publicado na sua conta do Twitter onde se assiste ao momento em que o hino fascista ecoa nos altifalantes.


Nas bancadas, juntamente com as 12 mil pessoas que assistiam às touradas, encontrava-se Jorge Campos, líder do partido espanhol Vox de extrema-direita. Carregando uma bandeira de Espanha, afirmou que quis marcar presença como forma de demonstrar o seu apoio às touradas.

Touradas como património cultural

O passado fim-de-semana ficou marcado pelo regresso das touradas na cidade de Maiorca, depois de terem sido proibidas em 2017 pelo governo regional das Ilhas Baleares.

O governo, por sua vez, promoveu uma versão alternativa na qual o touro não ficava ferido. Quem provocasse danos físicos ou psicológicos aos animais incorria numa multa até 100 mil euros.

De acordo com a nova lei, o toureiro só podia usar uma capa e o touro não podia estar na arena por mais de dez minutos.

Em 2018, o Supremo Tribunal espanhol anulou a decisão, mantendo apenas a proibição de venda de bebidas alcoólicas na arena e a restrição da entrada de menores de 18 anos.

O tribunal considerou que o governo regional das Baleares abusou da sua autoridade ao rotular como ilegal uma parte da cultura de Espanha.
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